| CRÍTICAS | RoboCop

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É inevitável: sempre que anunciam mais um remake ou reboot, uma foca morre. Nós ficamos indignado, o ódio invade as redes sociais e amaldiçoamos tudo e todos em Hollywood. Mas depois o filme estreia e vamos sempre ver. E mesmo que o façamos contrariados, temos sempre uma fagulha de esperança cá dentro de que desta é que é, desta é que eles conseguiram não estragar tudo. E, para isso, agarramo-nos aos mais pequenos sinais, quais bóias de sinalização.

Neste RoboCop agarrámo-nos com unhas e dentes, como se a nossa vida dependesse disso, ao nome do realizador. José Padilha fora o autor do mui recomendável Tropa De Elite, filme de acção sem merdas, que acabava por ter tudo a ver com o RoboCop original. No entanto, como era de esperar, este remake (ou reboot, que é a mesma coisa, mas com um cheiro diferente) é uma merda na mesma. E mesmo que o brasileiro se queixe da falta de liberdade criativa por parte do estúdio já ninguém quer saber. O mal já está feito e outra foca morreu.

O principal problema de RoboCop é ser demasiado asséptico. É tão limpinho e asseado que dá para comer no chão, enquanto o Robocop vai matando os maus. O filme passa-se num futuro não muito longinquo, em que Detroit é um antro de crime pior que Gotham City. Lembramo-nos na Detroit do original, de Paul Verhoeven, e pensamos na Detroit de hoje, semi-abandonada e em falência técnica. A realidade a imitar a ficção mais uma vez. E, contudo, RoboCop é tão limpo e despoluído que quase podíamos ir passar férias a esta Detroit.

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O lançamento de RoboCop não é mau, enquanto apresenta a origem do polícia-robot. Murphy (Joel Kinnaman) é vítima de um atentado e os magnatas corruptos de Detroit vêm ali a oportunidade perfeita de o tornar num homem-máquina, passarem graxa na opinião pública e convencerem toda a gente a investir nas suas indústrias de máquinas de guerra. Um subtexto ardiloso, que o subversivo Paul Verhoeven tratava com acidez e que aqui é de um anonimato boçal. As coisas acumulam-se em vez de acontecerem e, às tantas, é só mais um filme cheio de tiroteios, mas com robôs e homens-máquina.

Não há nada que salve RoboCop das garras da irrelevância. Nem um Michael Keaton em boa forma, nem um Robocop reduzido a um cérebro e um sistema respiratório (cena nojenta, yuc). O que fica para a posterioridade é a prova de que este foi mais um desperdício de dinheiro e tempo. De toda a gente! Verhoeven está agora a rir à gargalhada, de certeza, enquanto nós enfiamos com esforço um Cheeseburger no bucho.cheeseburguerTítulo: RoboCop
Realizador: José Padilha
Ano: 2014

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