| CRÍTICAS | O Último Tango em Paris

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Em 1972, O Último Tango Em Paris provocou verdadeiras romarias às salas de cinema por todo o Mundo (Portugal incluído, mas só após o 25 de Abril), devido à sua faceta erótica (que lhe valeu o banimento em vários países, apesar de ser pouco ou nada explícito), o corpo desnudado da bela Maria Schneider e à nova definição que dava à manteiga. Apelidado por uns como mero eurotrash e aclamado por outros como uma obra-prima, a verdade é que O Último Tango Em Paris é um poucochinho dos dois.

Paul (um Marlon Brando na meia-idade, acabado de ser aclamado em O Padrinho) é um americano em Paris que conhece, fortuitamente, a jovem Jeanne (Maria Schneider). Ambos vão desenvolver uma relacionamento amoroso fogoso e sexualmente intenso – que inclui sodomia (daí a tal necessidade da manteiga), toques rectais e simples sexo selvagem, puro e duro -, que utilizam como escape às suas vidas. O primeiro enfrenta um luto complicado e a segunda uma relação amorosa não muito fácil. Por isso, aquele apartamento onde se encontram é como que uma porta para outra dimensão, onde os nomes são deixados no tapete de entrada e tudo o que sobra são os simples impulsos animais.

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O Último Tango Em Paris é um melodrama sexual com uma carga política implícita, ou não fosse Bertolucci o seu realizador, um filme que pede que se fale com ele, que necessita de se abrir num exorcismo para que se entenda. No entanto, mais do que um exercício de indulgência do próprio Bertolucci, O Último Tango Em Paris é um filme de autor experimental e é aí que as coisas não funcionam muito bem.

É certo que sempre me disse menos do que devia, mas O Último Tango Em Paris tem certas dificuldades técnicas difíceis de encaixar. E não falo do seu baixo orçamento. Falo da banda-sonora demasiado hostil do genial Gato Barbieri e do duvidoso gosto artístico que o realizador italiano coloca nos planos e na montagem nervosa. Tem pinta de eurotrash, mas O Último Tango Em Paris é um filme-redenção, consideravelmente intenso, que ganha a cada vistoria. Depois, é sempre um prazer ver Marlon Brando em qualquer que seja a situação (mesmo na de galã de meia-idade), assim como é um regalo para os olhos a jovem Maria Schneider. É curioso que falar e escrever sobre O Último Tango em Paris seja sempre mais agradável do que assistir ao filme, daí o McChicken final.mcchickenTítulo: Ultimo Tango a Parigi
Realizador: Bernardo Bertolucci
Ano: 1972

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