| CRÍTICAS | Estrada da Felicidade

Além de ser o Rei do Rock’n’Roll, Elvis Presley tem uma dimensão quase mítica e divinal (quase?). Especialmente nos Estados Unidos, que é um país relativamente jovem e sem uma história cultural de grande relevo, a cultura popular e o entretenimento assumem uma dimensão bem superior ao resto do mundo, contribuindo para que figuras como Elvis ganhem essa aura de santos.

Estrada da Felicidade é um filme sobre essa faceta de Elvis e não tanto sobre o músico que revolucionou o rock e a música anglo-saxónica em geral. Harvey Keitel é um tipo que anda na estrada de boleia em boleia, que diz ser o verdadeiro Elvis Presley, dando uma de oráculo, com os seus conselhos aos estranhos que o ajudam no seu caminho até Graceland. Johnathon Schaech é então o jovem que lhe vai dar boleia e cuja vida vai transformar-se para melhor, uma vez que tem dois problemas, que são a) não consegue abandonar o sentimento de culpa pela morte da namorada, num acidente de viação em que ia a conduzir, e b) não sabe representar. Infelizmente, nem o próprio Elvis pode fazer alguma coisa para resolver este último.

Estrada da Felicidade é um panfleto gratuito ao Rei, sob a forma de telefilme, que só Deus sabe como é que conseguiram convencer Harvey Keitel a meter-se nisto. No entanto, ele nem sequer se esforça minimamente e quando se enfia num fato de purpurinas, para ir cantar numa convenção de imitadores, a coisa chega a ser constrangedora. Lembramo-nos do outro (alegado) Elvis velho, o de Bruce Campbell em Bubba Ho-Tep, e é como se estivessemos a comparar o cu com a feira de Castro.

Suportamos Estrada da Felicidade por respeito a Elvis e na esperança de ouvirmos uma ou outra cantiga, mas tirando o final, em plena Graceland durante a vigília no dia do aniversário da morte do Rei (ao som do gospel de Long Black Limousine), não há praticamente nada que mereça realce, incluido o subplot com a Bridget Fonda que não podia ser metido mais a martelo. Antes do fim, Keitel ainda tem o seu habitual número de choro em que parece o Chewbacca. Depois disso, é arrumar a trouxa e ir para casa. Guardem o Happy Meal na caixinha e comam-no mais tarde.Título: Finding Graceland
Realizador: David Winkler
Ano: 1998

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