| CRÍTICAS | Elvis & Nixon

E uma das fotos mais célebres (e intrigantes) do mundo: na Sala Oval da Casa Branca, o então presidente norte-americano Richard Nixon aperta a mão a Elvis Presley, o Rei do Rock. Era o colidir de dois mundos aparentemente inconciliáveis, o altamente conservador e o super liberal, que chocava num contexto ainda mais bizarro. É que, aparentemente, o encontro partira de Elvis, que pedira para se tornar num agente dos narcóticos para ajudar o seu país a combater o flagelo da droga.

Não se sabe muito bem o que se passou ao certo para resultar nessa fotografa, uma vez que são mais os rumores e as suposições do que os factos. Mas já se sabe que entre a realidade e a ficção escolhe-se sempre a segunda. E foi isso que a realizadora Liza Johnson fez. Elvis & Nixon é a história dessa foto e desse encontro entre dois ícones americanos (por motivos bem distintos, claro), entre a realidade e a ficção, onde não interessa para nada identificar onde termina uma e começa a outra.

Elvis & Nixon é um pequeno filme independente em que a narrativa é mais importante do que qualquer protocolo que cada uma das personagens (leia-se instituição) encerra. Pelo formato, pelo tom e pela própria temática da farsa, o filme faz lembrar o esquecido Autópsia ET, que contava a suposta história real por trás do episódio da autópsia ao alien em Roswell, que parou o mundo televisivo em 1995.

Assim, Elvis & Nixon é um filme acerca dois personagens, aparentemente opostos, que quando se conhecem se atraem inesperadamente, mostrando-nos que os seus mundos afinal não eram assim tão diferentes quanto pareciam. E mais do que personificações históricas de Elvis e Nixon, o que Michael Shannon e Kevin Spacey fazem respectivamente são personificações da ideia feita que foi construída pela própria cultura popular de Elvis e Nixon.

O Elvis de Shannon é, portanto, uma figura quase absurda, algures entre a irrisão e a paranóia dos excessos, que lembra sempre o Elvis velho e decadente de Bruce Campbell, nesse filme de culto que é Bubba Ho-Tep. E o Nixon de Spacey é quase uma caricatura (ou uma versão light, digamos) do seu todo-poderoso Francis Underwood, em House of Cards. Elvis & Nixon é um filme de dois actores em boa forma, que num registo totalmente diferente faz lembrar um outro episódio que também envolveu o presidente: Frost/Nixon.

Certamente que Elvis & Nixon não ficará para a história do cinema. Mas ficará, sem dúvida, como um do momento bastante enjoyable de qualquer serão cinematográfico, Michael Shannon ficará muito bem na galeria dos actores que imortalizaram o Rei no grande ecrã e nós ficremos bem servidos com um McBacon.Título: Elvis & Nixon
Realizador: Liza Johnson
Ano: 2015

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