| CRÍTICAS | Plano de Fuga

Foi um dos mais longos sonhos húmidos de qualquer cinéfilo que se preze: o de um filme que juntasse Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone. E durou duas décadas a acontecer. Foi preciso os dois envelhecerem, o primeiro esgotar todos os cartuchos de um futuro político e o segundo ter conseguido reabilitar uma carreira que parecia inevitavelmente perdida para se juntarem pela primeira vez em Os Mercenários. Daí até Plano de Fuga foi um pulinho. E eis que aqui estamos.

Sly é então um especialista em fugir de prisões de alta segurança. O governo norte-americano paga fortunas à sua empresa para o levarem preso, sempre anonimamente, e verem-no escapar, pondo a nu as fragilidades das instalações. Até que um contrato milionário o leva para uma super-prisão de alta segurança, uma daquelas coisas não oficiais que os governos negam a existência, onde estão os mais perigosos criminosos da terra. Incluindo Arnie, o segurança de um perigoso terrorista que pretende dinamitar o sistema capitalista.

Plano de Fuga é uma xungaria de grandes proporções, mas também não esperaríamos outra coisa de um filme que junta Arnie e Sly, os nossos sacos de músculos favoritos. Mas não era necessário um argumento tão preguiçoso, onde vale tudo para que as peças encaixem, mesmo que façam pouco sentido ou sejam pouco credíveis. Ora vejamos o passado e as motivações de Sly: um ex-advogado com as habilidades de um Macgyver (sim, ele constrói um sextante com um óculos e uma esferográfica(!) e sabe usa-lo(!!)) que, depois de um caso mal resolvido, decide especializar-se em fugir de prisões para que mais nenhum bandido o faça(!).

Mas ei, nada contra xunguices, antes pelo contrário. Estamos até habituados que o improvável dê origem a bons maus filmes. No entanto, não é o caso deste Plano de Fuga. É que não existe qualquer química entre Arnie e Sly (não estávamos à espera de nenhum bromance, mas nem sequer podemos considerar isto como um buddy movie), as cenas de acção são de morrer de tédio e o vilão de Vinnie Jones é completamente desbaratado, limitando-se a uma cena de pancadaria final com Sly. E fraca! Anda ainda lá para o meio Sam Neill, sabe Deus a fazer o quê, Jim Caviezel tenta safar o filme com uma intensidadade completamente desproporcional à sua personagem e 50 Cent… bem, quem é o 50 Cent?

E quando chega o final, estamos nós já só a aguentar o cavalo para ver como é que Arnie e Sly vão inventar uma maneira miraculosa de escapar aquela prisão de alta segurança, e eles [spoiler alert] limitam-se a começar um motim e a matar os guardas todos(!). Com que então estivemos vinte anos à espera disto? No entanto, o que custa ainda mais é que Sly tem um passado tão bom no que diz respeito a filmes de prisão, de Prisioneiro a Tango & Cash. Que desperdício de Happy Meal. E ainda por cima fala-se de que pode haver uma sequela.

Título: Escape Plan
Realizador: Mikael Håfström
Ano: 2013

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