| CRÍTICAS | Joshua Tree – A Fúria de um Duro

O deserto de Joshua – local icónico da paisagem (física e cultural) dos Estados Unidos, com as suas típicas árvores de Josué, o amarelo deserto Mojave ou Vale da Morte, que tem influenciado artistas e discos ao longo dos anos (com os U2 à cabeça, claro). E muitos filmes. Especialmente maus filmes. Com este Joshua Tree – A Fúria de um Duro (delicioso subtítulo português), que durante anos se chamou nos seus Estados Unidos natal Army of One, de forma a potenciar a fama de exército-de-um-só-homem de Dolph Lundgren.

Depois de se ter estreado com o papel da sua vida, o do pugilista russo Ivan Drago que encarnava numa só pessoa todas as ameaças da União Soviética comunista, Lundgren teve mais dois ou três filmes jeitosos (Fúria Silenciosa, o He-Man e o Máquinas de Guerra), preenchendo o resto dos espaços em branco da sua filmografia com filmes xunga mais ou menos descartáveis. Um deles é este Joshua Tree – A Fúria de um Duro, numa altura que a sua carreira ainda era minimamente levada a sério e não estava limitada ao straight-to-dvd (se bem que, actualmente, Lundgren até atravessa um dos seus melhores momentos. E se não acreditam vão ver O Mecânico).

Lundgren é então o motorista de um camião que leva qualquer coisa ilegal. Ao ser mandado parar pela polícia, um tiroteio muito duvidoso abate o seu colega e o agente, deixando Lundgren ferido e condenado à prisão por muito tempo. No entanto, a polícia ainda lhe tenta fazer a folha à saída do tribunal, mas ele consegue fugir, se bem que ainda é alvejado na fuga. Em menos de dez minutos, Lundgren já foi baleado duas vezes, o que para o protagonista de um filme de acção não é propriamente um bom cartão de visita. Mas estamos a falar de Lundgren, que agora está a monte em Joshua Tree e que faz como refém a bela Kristian Alfonso que, obviamente, vai desenvolver o síndrome de Estocolmo, até porque é necessário filmar a cena de sexo habitual e altamente gratuita, em que Lundgren a esfrega com o óleo dos cactos do deserto sabe Deus porquê.

Os ferimentos de Lundgren desaparecem com a mesma velocidade com que acontecem, da mesma forma que as balas da sua shotgun nunca terminam. Afinal de contas, a continuidade é um conceito claramente sobrevalorizado para o realizadoor Vic Armstrong. Isto aliado às representações de teatrinho de escola e ao argumento completamente descabido, fazem de Joshua Tree – A Fúria de um Duro um exemplar de cinema xunga de altíssima qualidade, que nos faz questinar como é que isso chegou a ter distribuição comercial.

O filme acaba então por se tornar minimamente tolerável graças a duas coisas: às várias perseguições coom Ferraris e Lamborghinis no meio do deserto(!), já que o plot do filme envolve tráfico de carros de alta cilindrada (exóticos, como lhes chamam); e a cena final, em que Dolph Lundgren abate um esquadrão enorme de capangas num armazém, em sequências mais gráficas e sangrentas do que seria de esperar. São estes os únicos pontos de interesse de um Happy Meal que deixou a sua marca nos rodapés da história do cinema de série b. Título: Joshua Tree
Realizador: Vic Armstrong
Ano: 1993

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