| CRÍTICAS | O Gigante

Mesmo que quisesse, mesmo que se esforçasse para isso, O Gigante nunca passaria despercebido na história do cinema. Um filme que tem como tripla de protagonistas James Dean, Elizabeth Taylor e Rock Hudson nunca pode aspirar a menos que isso. No entanto, O Gigante ficou para sempre inscrito nos anais da sétima arte por ter sido o último trabalho de Dean, esse cometa fulminante que riscou os céus de Hollywood. Ainda antes do filme ter estreado, o jovem actor espatou-se com o seu Porsche Spider e deixou um cadáver bonito.

O Gigante é uma saga familiar de três horas, sobre uma família do Texas, ao longo de mais de duas décadas. E como todos os épicos do género, não interessa tanto o que acontece à família (crescem, casam, têm filhos, morrem…), mas sim o que se passa atrás, como contexto socio-cultural. E aqui, O Gigante é um fresco da primeira metade do século XX. O progresso no Oeste (é o primeiro western com carros em vez de cavalos), a corrida ao petróleo (olá Haverá Sangue), a Segunda Grande Guerra…

Vamos então a pormenores: Rock Hudson é o patriarca da poderosa família Benedict, que gere o gigante rancho Reata. Quando vai comprar um cavalo ao leste, apaixona-de perdidadamente pela jovem filha do vendedor em menos de 45 minutos e casa-se com ela. Compreensível, uma jovem Elizabeth Taylor hipnotiza qualquer um. Depois vão todos para o Texas, onde pelo meio de muitos sub-enredos, se destaca a ascensão dum jovem trabalhador da quinta, o insolente James Dean, e a luta de Taylor pelos direitos dos mexicanos e das mulheres, num dos primeiros exemplos de emancipação cívica de Hollywood.


Apesar dum bocadinho de overacting quando se embebeda, James Dean tem aqui a sua melhor prestação da carreira. Também é giro ver Rock Hudson a fazer pela milésima vez o esteriótipo do macho alfa, o qual se especializou durante toda a carreira, quando na vida privada era a completa antítese. E, apesar de pouca gente falar disso, o outro rebelde sem causa também brilha à bruta em O Gigante – Dennis Hopper. Elizabeth Taylor é um caso à parte, basta aparecer fresquinha para nos agarrar com o seu carisma e electricidade que irradia.

É certo que O Gigante é, por vezes, algo datado, com um desenvolvimento dramático algo precipitado de algumas situações. Uma hora a menos não lhe fazia mal nenhum. Mas também é certo que é um filme de grande fôlego, que faz peito ao que vai e não embaça nunca, arregaçado as mangas e saindo por cima desta luta. E, por falar em luta, como não gostar da ridícula troca de socos entre Rock Hudson e o dono de um diner, a fazer lembrar a igualmente longa e desnecessária cena de porrada de Eles Vivem. Pérolas dentro de pérolas deste McBacon.Título: Giant
Realizador: George Stevens
Ano: 1956

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