| CRÍTICAS | Guardiões da Galáxia Vol. 2

E, de repente, por entre a sisudez dos milhentos filmes de Super-heróis da Marvel e da DC, eis que surgiu Guardiões da Galáxia. Este grupo de heróis… pouco ortodoxos, chamemos-lhes assim, chutava para canto a habitual pretensão dos superhero movies em serem sérios e, com uma atitude descomplexada, descomprometida e com muito humor, ajudavam na suspensão da descrença em aceitarmos tipos vestidos de licra com discursos pomposos que vêm salvar o universo. E um principais responsáveis do sucesso de Guardiões da Galáxia era James Gunn, realizador com escola no cinema de série b (olá Slither – Os Invasores, como estás?) e que já passara tempo suficiente a reflectir sobre a humanização dos super-heróis (alguém mencionou Super-Quê??).

Por tudo isso e pelo facto de James Gunn se manter à frente de Guardiões da Galáxia Vol. 2, esta sequela era uma das mais esperadas deste ano da graça do Senhor de 2017. E, podemos já saltar para o final, para dizer que, apesar de não desiludir, Guardiões da Galáxia Vol. 2 não surpreende como o primeiro. O que não significa que ganhe por capote à maioria (a todos?) dos restantes filmes de super-heróis que por aí estreiam semanalmente, que nem cogumelos.

Agora temos os Guardiões da Galáxia estabelecidos enquanto espécie de soldados da fortuna (Starlord, o humano do grupo (Chris Pratt); Rocket, o guaxinim falante (voz de Bradley Cooper); Gamora (Zoe Saldana), uma tipa verde inumana; Drax (Dave Bautista), um guerreiro sem qualquer noção da ironia ou sarcasmo; e o Baby Groot (voz de Vin Diesel), uma… árovre(!). Mais uma vez, o destino do universo vai estar nas suas mãos, principalmente depois de Starlord reencontrar o seu pai perdido (Kurt Russell), um ser celestial com uma agenda escondida.

Ou seja, Guardiões da Galáxia Vol. 2 consegue ser ainda maior, mais barulhento e mais brilhante que o anterior. Mas nem por isso perde o seu foco nas suas personagens. Porque, ao contrário dos outro filmes do género, este não é tanto sobre tipos que querem destruir a Terra e dominar a galáxia; é antes um filme sobre a família, as relações e sobre aqueles familiares que escolhemos, os amigos. Como nos filmes de fantasia que marcaram a nossa juventude (alguém referiu A Lenda da Floresta ou Labirinto?). E só o facto de Guardiões da Galáxia Vol. 2 ter realmente algo para dizer além de todo o fogo-de-artifício faz com que ele valha realmente a pena.

A diferença deste para o anterior é que parece que se esforça mais para ser divertido, ao forçar meia dúzia de gags que não eram necessários (e abusar do factor cuteness do Baby Groot também era dispensável). Até porque James Gunn sabe que os melhores momentos estão na identificação do filme e das suas personagens com a memória colectiva dos espectadores, que encontram tanto na participação de Stallone e de Kurt Russell (mais ou menos na mesma óptica de reciclagem pop dos filmes de acção de Quentin Tarantino) como nos cameos de David Hasselhoff ou Stan Lee (arruinando aquela teoria fan-made de que o fundador da Marvel, que aparece em todos os filmes, seria o Vigia) ou nas referências musicais, consolidadas num novo Awesome Mix Volume 2. Portanto, o único problema deste McChicken é ter havido um Guardiões da Galáxia anterior e, como tal, as comparações serem inevitáveis.Título: Guardians of the Galaxy Vol. 2
Realizador: James Gunn
Ano: 2017

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