| CRÍTICAS | Eclipse em Portugal

Em 1999, a praça pública, que tanto gosta de crimes de faca e alguidar (basta ver o Goucha ou folhear o Correio da Manhã), ficou chocada com a história de um jovem de Ílhavo que matou os pais à facada. Segundo consta, o macabro assassinato poderá ter tido algo a ver com rituais satânicos, até porque o rapaz tinha… uma banda de metal. Ninguém o disse, mas aposto que até tem tatuagens também, o drogado! A história nunca foi bem contada e continua a ser um dos poucos crimes a ser punido com pena máxima nos tribunais portugueses.

Portanto, quando ouvi falar de um filme baseado neste episódio, confesso que até fiquei com esperanças, apesar da experiência me dizer que as probabilidades de isso acontecer eram ainda mais ínfimas das de encontrar uma garrafa de água no frigorífico do Jorge Palma. E depois vi que vinha o nome de Alexandre Valente colado à produção (essa vergonha do cinema português) e que o protagonista era aquele tipo do 5 Para A Meia-Noite que ainda tem menos piada que o Nilton. Pedro Fernandes, obrigado google.

E, de repente, o filme começa e eu ri-me com a parvoíce da coisa. Ri-me quando o noticiário abre e o oráculo anuncia que jovem mata o pai com 33 facadas e a mãe apenas com 13, porque afinal de contas mãe é mãe. E ri-me quando, no coro da prisão, aparece o Toy a cantar (depois disseram-se que estava lá também o Virgul e o André Sardet, mas como não sei quem são a piada passou-se ao lado). Mais do que a comédia negra, Eclipse em Portugal é bastante silly, com um humor camp pouco habitual em Portugal.

Mas depois, à medida que a coisa vai avançando, começamos a aperceber-nos que, se calhar, aquelas partes de humor foram involuntárias. E que, se calhar, a ideia de Eclipse em Portugal era mesmo ser levado um pouco mais a sério. Até porque, a partir de determinada altura, o humor do filme limita-se às cenas em que são incluídas referências sexuais gratuitas.

Eclipse em Portugal é um desastre de filme, mais um de Alexandre Valente, que parece não ter ficado satisfeito com Second Life, onde atingiu um novo mínimo no cinema português. E, para nos prolongar a tortura, apenas mostra as mamas da Sofia Ribeiro perto do fim, obrigando-nos a ver tudo até ao final. Pelo menos isso dá uns pontos extras ao filme, que consegue sacar mesmo assim um Happy Meal.

Título: Eclipse Em Portugal
Realizador: Edgar Alberto & Alexandre Valente
Ano: 2014

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