| CRÍTICAS | Ameaça Infernal

Para quem nunca tenha ouvido falar de Ameaça Infernal – como era o meu caso -, olhar para a sua ficha técnica pode provocar uma espécie de orgasmo precoce inesperado. Afinal de contas, como é que não ouvimos falar mais de um filme assinado por Albert Pyun (o realizador desse clássico de culto altamente subvalorizado de Van Damme, que é Cybor (e mais uma série de títulos de série b de alto gabarito)), com Deus-Nosso-Senhor Steven Seagal, com Tom Sizemore numa altura em que ainda tinha algo parecido com uma carreira cinematográfica, com Dennis Hopper (vénias encarpadas) a fazer de mau (óbvio!) e Jaime Pressly longe do habitual papel de redneck?

Ainda antes de vermos o filme, damos uma vista de olhos pela internet e percebemos: Ameaça Infernal foi um desastre! Pyun foi completamente manietado pelos produtores, renegando mesmo o filme, e este tornou-se numa manta de retalhos, com cenas de outros filmes, Dennis Hopper a filmar todas as suas cenas num único dia e com Steven Seagal, que passa o filme todo a ser apenas um especialista em desarmar bombas, a despachar nos últimos cinco minutos um batalhão de tipos com as próprias mãos (na sequência com a pior edição de sempre, possivelmente), apenas para tentar capitalizar a sua presença.

Ameaça Infernal é então uma tentativa de ser um buddy movie, em que Tom Sizemore – um polícia com o trauma aberto de ter perdido a mulher, o filho e, no início do filme, o seu parceiro, o rapper Nas – une forças com Steven Seagal – o especialista do departamento de explosivos – para capturar um bombista à solta (Dennis Hopper com um ridículo sotaque irlandês que às vezes desaparece). Tudo por entre uma história em que nada acontece e que aposta tudo nas explosões, de pequenas bombas, mas com efeitos devastadores que derrubam quarteirões inteiros sabe Deus como.

No final, quando Tom Sizemore tem que desarmar a mãe de todas as bombas, na cave de um prédio no centro da cidade (porque, mais uma vez, por trás da intenção dos bombistas está a vingança por um mau plano imobiliário(!)), Steven Seagal aproveita os últimos 40 segundos antes de lhe explicar o que fazer por walkie talkie para lhe dar o habitual sermão inspiracional de 30 segundos. Diz-lhe como desarmar o raio da bomba, caramba!!

Quando Ameaça Infernal termina, rapidamente se desvanece da nossa mente. O que é que acabámos mesmo de ver? Quem é que era aquela gente? Porque andavam atrás uns dos outros? Acho que a Hamburga de Choco tinha muito queijo…Título: Ticker
Realizador: Albert Pyun
Ano: 2001

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