| CRÍTICAS | A Babysitter

Quando vi Exterminador Implacável – A Salvação excomunguei imediatamente o realizador McG. Afinal de contas, como é que podemos confiar num tipo que só tem um nome (já não nos bastava o Pitof?) e que, ainda por cima, nem sequer tem vogais? Mas depois respirei fundo e decidi fazer o que manda a Bíblia. Não, não é chama-lo de besta do c*ralho. É mesmo perdoar.

McG assina a nova produção Netflix, que, como o próprio título indica, é uma variação do flick da babysitter. Cole (Judah Lewis) é o único miúdo da sua escola que ainda tem uma babysitter, o que faz com que seja vítima de bullying regularmente. No entanto, quando estes vêm Bee (Samara Weaving), as suas opiniões normalmente mudam. Especialmente para miúdos com as hormonas aos saltos, acabadinhos de chocar de frente com a puberdade, Bee é tudo o que poderiam desejar. Além disso, é ainda uma tipa fixe, que cita o Billy Jack e O Padrinho Parte II ou que convoca a melhor equipa de sempre para derrotar uma hipotético vilão épico que pudesse invadir a Terra (a saber: Kirk, Picard, o Will Smith e o Jell Goldblum de Dia da Independência, a Ripley e um ovo de xenomorfo. Imbatível!).

O problema é que, uma noite, quando Cole fica acordado durante a noite, acaba por descobrir a terrível verdade: Bee é uma satânica que apenas precisa do seu sangue virgem para um pacto com o demo. E depois de sacrificar um nerd na sala de estar e matar dois polícias a sangue frio, Cole vai ter que se desenrascar sozinho, neste survival que é uma espécie de Sozinho em Casa versão terror. Mas nem por isso mais sério.

A Babysitter é um filme camp, que faz uma abordagem cartoonesca tanto do cinema de terror (especialmente o teen slasher) quanto do coming of age adolescente. É por isso que a sua referência mais directa é Scott Pilgrim Contra o Mundo, com todo o seu rock’n’roll, intratítulos que saltam no ecrã do nada e o humor circunstancial. Além disso, tendo em conta que estamos a falar de um tipo que fez a formação nos videoclipes e no universo MTV, isso faz todo o sentido. O problema é que não há nada que surja em A Babysitter que não nos deixe a sensação de que já o vimos em qualquer lado.

A Babysitter é um exercício de bricolage, que recorta ali e cola aqui, numa espécie de monstro de Frankenstein que tem tanto de horror spoof à Peter Jackson ou Sam Raimi dos bons velhos tempos, quanto de cultura pop pós-modernista. McG nunca lhe consegue dar propriamente um tom próprio que harmonize as partes num todo, mas por entre o gore exageradamente exagerado, Samara *suspiro* Weaving e o humor assumidamente parvo, A Babysitter acaba por ser um inesperado McChicken.Título: The Babysitter
Realizador: McG
Ano: 2017

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *