| CRÍTICAS | A Torre Negra

Neste ano de 2017, que deu particular destaque a Stephen King, A Torre Negra era, à partida, o filme mais difícil de adaptar (e sim, estou a considerar o It). Não é que seja melhor (ou pior) que os outros, mas A Torre Negra é o primeiro de uma série de oito livros, o que desde logo implica uma série de imperativos narrativos que não existem nas histórias isoladas.

A Torre Negra é ainda uma série de aventuras mais juvenil, mais na onda de Labirinto, mas com ficção-científica e realidades alternativas em vez de sword and sorcery. Além disso, Stephen King – que sempre gostou de cruzar as suas histórias umas nas outras – utiliza estas aventuras para explicar muitas coisas do seus outros romances.

Por exemplo, lembram-se de Shining? Apesar da adaptação de Stanley Kubrick não prestar grande atenção a este facto, no livro tem particular importância aquela espécie de poder telecinético que o miúdo tem – não é por acaso que, em português, o livro se chama A Luz. Jake Chambers (Tom Taylor), o miúdo protagonista de A Torre Negra, também tem esse dom, a possibilidade de brilhar (to shine, no original), que o tornam num alvo apetecível de Walter (Matthew McConaughey), um feiticeiro malvado de uma dimensão intermédia, que utiliza esses poderes dessas crianças pra tentar derrubar uma torre que protege as várias dimensões de serem invadidas por demónios.

O nemésis de Walter é Roland (Idris Elba), o último dos pistoleiros, uma espécie de polícias com alta capacidade de disparar revólveres que matam demónios(!), destacados por juramento a defender a tal torre. E como era expectável, Roland e Jake unem forças para derrotar os intuitos malévolos de Walter. A Torre Negra é, portanto, uma mistura de western com fantasia. Ou nas palavras do próprio Stephen King, de O Bom, O Mau e o Vilão e O Senhor dos Anéis, dois dos seus principais professores durante a juventude.

Parecem dois universos que não têm nada a ver e, guess what? Não tem mesmo! Mas nem é aí que A Torre Negra se perde. À medida que a história vai sendo destapada e a verdade sobre as visões de Jake vai sendo revelada, o filme vai perdendo interesse, num efeito inversamente proporcional quando devia ser precisamente o contrário. Isso deve-se a uma aventura que é sempre mais um aglomerado de peripécias do que outra coisa, sequências de acção meio frouxas e a ausência de personagens secundárias dignas de realce, incluindo uma série de vilões que parece só lá estarem porque vão ter, quase de certeza, preponderância nas sequelas,

A excepção é apenas Matthew McConaughey, mas também podem ser apenas saudades nossas. Depois de um 2014 em que parecia que estava em todos os filmes que interessavam, McConaughey andou um pouco desaparecido e sem fazer nada de particularmente muito entusiasmante. E não é A Torre Negra que vai mudar isso, uma vez que é apenas mais um desinteressante Happy Meal.Título: The Dark Tower
Realizador: Nikolaj Arcel
Ano: 2017

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