| CRÍTICAS | Sem Escape – Vencer ou Morrer

Sem Escape – Vencer ou Morrer foi o filme que iniciou o fim da carreira de Jean-Claude Van Damme (ou, pelo menos, até ver). Foi a partir daqui que os seus filmes perderam aquele charme xunga dos anos 80 e tornaram-se numas cópias generalistas umas das outras do enésimo filme de acção de série B straight-to-video.

Inicialmente, Sem Escape – Vencer ou Morrer não era para ser um filme de acção nem tão pouco ser um Van Damme flick. O argumento era o de um drama normal sobre um presidiário que assume a figura paterna de um miúdo órfão. Como é que o actor belga veio parar aqui ninguém sabe, mas bastou por-lhe umas cenas de porrada e cortar nas suas falas para a coisa ficar resolvida. Tanto o é que nem sequer há aqui a habitual espargata ou o rotativo no ar que se tornaram na imagem de marca de Van Damme em todos os filmes anteriores.

Van Damme é então um presidiário em fuga, que vai acampar(!) para o terreno de uma jovem e sexy viúva (Rosanna Arquette) com dois filhos (incluindo o jovem Kieran Culkin), à espera que a situação acalme. O problema é que vai saltar da frigideira para o fogo, porque aquele quinta está a ser alvo de especulação imobiliária, por parte de um magnata que quer fazer ali um resort paradisíaco qualquer. E se há vilão temível nos filmes norte-americanos são os especuladores imobiliários, basta ver o Lex Luthor em praticamente todos os filmes do Super-Homem.

Enquanto vai seduzindo a Rosanna Arquette, vendo-a a tomar banho ou a dar banho a um cavalo como um pervertido qualquer, e vai assumindo a tal figura paternal que falta a Kieran Culkin, Van Damme vai despachando os rufias que vão aparecendo no terreno para a convencer a vender. O que é curioso é que nunca há consequências. Pela noite surgem uns capangas para destruir umas coisas e pegar fogo a outras, Van Damme deixa todos inconsciente e no dia seguinte recomeça a vida como se nada fosse. Até à noite seguinte…

Como se não bastasse este argumento inconsequente, o realizador Robert Harmon tem ainda medo que seja demasiado complexo para os espectadores, pelo menos tendo em conta o público-alvo do filme, e então decide explicar tudo bem explicadinho para não haver dúvidas. Por exemplo, quando Joss Ackland, o tal especulador imobiliário, organiza uma sessão pública para tentar convencer as pessoas a vender os terrenos perante os benefícios do seu resort, alguém grita não vendemos, não nos podem obrigar a vender, ao que ele responde ai não? então vamos ver, faltando apenas piscar o olho *wink wink*. Ou então, numa das cenas em que Van Damme está sozinho com o miúdo, não vá o primeiro perceber a deixa, Kieran Culkin diz-lhe sabes, sinto a falta do pai. *wink wink*

Mas o que é perturbador é a quantidade de diálogos e referências à vida sexual de Rosanna Arquette, todas elas iniciadas por… Kieran Culkin. Ou a discussão sobre o tamanho da pila do Van Damme(!), entre a própria Rosanna Arquette e a filha de 3 anos(!!). Perante isto, fica fácil entender porque é que isto foi o princípio do fim da carreira do belga, não fica? O pior é que depois de Sem Escape – Vencer ou Morrer ainda houve outros Happy Meals tão maus ou piores.Título: Nowhere to Run
Realizador: Robert Harmon
Ano: 1993

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