| CRÍTICA | Star Wars – Os Últimos Jedi

Depois de O Despertar da Força ter sido um remake de A Guerra das Estrelas, estávamos todos à espera que este novo Os Últimos Jedi (que oportunidade desperdiçada de o terem traduzido para A furia do último Jedi) fosse um remake de O Império Contra-Ataca. E tendo em conta que esse é o melhor episódio da série, as expectativas só podiam ser altas. Isso e o facto de Os Últimos Jedi ser assinado por Rian Johnson, realizador bem estimado aqui neste tasco cinéfilo.

No entanto, já todos temos idade para não acreditar no Pai Natal. E se estamos fartos de saber que todos os episódios são derivativos uns dos outros, este apenas serve para confirmar que não interessa quem está na cadeira de realizador, uma vez que o peso da máquina corporativista do franchise vai encarregar-se de esmagar qualquer marca autoral que possa resistir às pretensões de quem estiver nesse papel. Isto tudo para dizer que é Rian Johnson o realizador de Os Últimos Jedi – ele mesmo, o autor de Brick (vénias, muitas vénias) e de Looper – Reflexo Assassino (mais vénias, desta vez com saída encarpada à rectaguarda) -, mas até podia ser o Leonel Vieira que provavelmente não se iria notar diferença. E isto não é uma crítica, é apenas uma constatação dos factos. A crítica vem a seguir, wait for it.

Os Últimos Jedi pega então exactamente onde O Despertar da Força terminou: Rey (Daisy Ridler) foi tentar convencer Luke Skywalker (Mark Hamill) a voltar, a Resistência está a braços com a Primeira Ordem em pleno espaço sideral e Kylo Ren (Adam Driver) continua a sua batalha interior entre o lado bom e o mau da Força. Isto arrasta-se por mais de hora e meia com mais esforço do que inspiração, em que a princesa Leia (Carrie Fisher) podia ter-se despedido em beleza, mas, em contrapartida, entra directamente para o primeiro lugar dos momentos mais ridículos da série com o seu momento Jesus Cristo, John Boyega recebe uma personagem nova, Rose (Kelly Marie Tran), e vão ao casino(!) andar de cavalo(!!) (e ficamos todos a torcer para que Benicio Del Toro tenha mais tempo de antena de futuro) e Rey e Luke perdem demasiado tempo em discussões existenciais sobre o Bem e o Mal, com diálogos dignos de… George Lucas.

Aliás, Mark Hamill confessou que discordou de todas as opções tomadas para a sua personagem neste filme e, de facto, tem alguma razão. No entanto, se isso poderia ganhar pontos pelo imprevisto, acaba por se perder no meio de tanto enchimento de chouriços (sim, nós vemos Luke Skywalker a ordenhar uma vaca-marinha(!) só porque sim). É certo que não há nenhum momento verdadeiramente Jar-Jar Binks, mas há uma bicharada nova que são os novos Ewoks e que, pertinentemente, dão uns bonecos mesmo fofinhos para se vender no natal (olá Disney, como estão as vossas contas?).

Depois disto tudo, lá Kylo Ren se decide em deixar de ser um fedelho mimado, numa bela cena na sala do trono de Snoke (Andy Serkis), muito argentiana (vem de Dario Argento, não da Argentina), e Os Últimos Jedi melhora substancialmente. No entanto, já passaram quase duas horas de engonhanço e, mesmo a última cena de batalha, num planeta vermelho coberto de sal que dá umas imagens lindíssimas, não vem salvar a situação.

E para os fanboys? Bem, os fanboys vão adorar ver o Arturito outra vez (até porque o BB-8 quase que desaparece, em comparação com O Despertar da Força), o Yoda em versão animatronic e o facto de… [spoiler alter] não morrer ninguém. Ou então não! Agora é aproveitar este Cheeseburger e esperar pelo próximo episódio para o ano. Se bem que depois deste filme fico a pensar. Se Phil Lord e Chris Miller foram despedidos no filme sobre o jovem Han Solo e Rian Johnson não foi neste, é porque deviam estar a fazer mesmo um maaaau trabalho.

Título: Star Wars – The Last Jedi
Realizador: Rian Johnson
Ano: 2017

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