| CRÍTICAS | Sabotagem

Depois de cumprido o seu tempo como governador, Arnold Schwarzenegger regressou aos ecrãs para uma nova fase na carreira. Mais velho e numa altura em que os filmes de acção mudaram – agora os action heroes são mais introspectivos e negros do que os dos anos 80 -, as expectativas eram grandes para ver o que iria fazer.

Os primeiros filmes não foram famosos. Plano de Fuga reunia-o finalmente a Sylvester Stallone num filme como protagonistas, mas o interesse do mesmo começava e terminava aí; e O Último Desafio parecia que ignorava que Arnie já não tem 30 anos. Até que, à terceira tentativa, surgia finalmente algo que já merece um bocadinho mais de atenção.

Em Sabotagem, Arnie é o respeitado líder de uma equipa especial do DEA, composta por uma série de sacos de músculos, altamente armados e igualmente treinados, com testosterona a mais. David Ayer, o realizador, gosta destes ambientes maioritariamente masculinos, desde Dia de Treino, que escreveu e onde começou a dar nas vistas, até ao mais recente Esquadrão Suicida. É certo que aqui também há uma mulher na equipa, mas Mireille Enos comporta-se igualmente como mais um dos rapazes.

Arnie e os seus comparsas tentam dar o golpe do baú simultaneamente no FBI e num cartel de droga, arrecadando 10 milhões de dólares de uma pipa de massa apreendida, numa missão logo a abrir o filme. Mas alguém passa-lhes a perna, rouba-lhes o dinheiro e, apesar de nunca ser provado que estiveram envolvidos no golpe, nunca se conseguem livrar da fama. E quando começam a ser eliminados um a um, com crueldade acima da média, o caso volta à tona, especialmente porque a agente Brentwood (Olivia Williams) vai andar por lá a escarafunchar.

Ayer sempre foi melhor argumentista do que realizador, mas não aqui. Ou, pelo menos, nesta versão do filme, que consta que foi retalhado pelo estúdio, depois de uma edição inicial que tinha mais de 3 horas. Isso faz com que a história tenha alguns problemas de continuidade, personagens que se atrapalham umas às outras e um twist final (ou tentativa de) que só não se adivinha a léguas porque chega numa altura em que já ninguém quem saber.

O grande interesse de Sabotagem reside então na forma como é filmado, com Ayer a colocar a câmara ao ombro e a atirar-se para a linha da frente, quase como se estivesse a realizar um episódio do Cops. A violência torna-se altamente estilizada e Sabotagem num filme inesperadamente sujo, duro e gore qb. As sequências de tiroteios são particularmente interessantes e, claramente, o melhor do filme.

Sabotagem é uma espécie de episódio de Os Mercenários goes Dia de Treino e, até ver, o melhor filme de Arnold Schwarzenegger nesta sua segunda fase da carreira, Exterminador Implacável – Genisys incluido. Mas até à reforma definitiva ainda acreditamos (e esperamos) que vai conseguir melhor do que o McChicken.Título: Sabotage
Realizador: David Ayer
Ano: 2014

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *