| CRÍTICAS | Tau

De acordo com a psicologia das cores, o azul está relacionado com a traquilidade, mas também com a monotonia e a depressão. Por sua vez, o vermelho (e o laranja) significa energia, vitalidade, paixão e violência. Depois de Kiewslowski ter dedicado uma trilogia inteira às cores e de alguns filmes que prestam mais ou menos atenção a estes simbolismos (desde o sanguíneo Suspiria ao vermelhão dos neons de Só Deus Perdoa), é a vez de Tau dar as mãos a esta palete de cores, que é a tendência da maioria dos cartazes dos filmes de Hollywood de hoje.

Assim, estamos num futuro que não percebemos quão distópico é realmente, totalmente alimentado a neons azuis e vermelhos, como se estas fossem as cores da cidade impessoal, minimal e amorar – a acidade, como alguém chamou à cidade despida de personalidade de Blade Runner – Perigo Iminente. É aqui que conhecemos Maika Monroe, que vive das pequenas coisas que rouba de tipos que engata na discoteca.

Ainda nos estamos habituar ao filme (e às cores garridas) e já alguém (ou algo) arromba a casa de Maika e leva-a para uma prisão tão hi-tech quanto minimal – até porque o minimalismo não só é sinal de avanço tecnológico, é também de perigo -, onde se vai tornar na cobaia de um cientista tão genial quanto louco (e anti-social) (Ed Skrein), que está a desenvolver o último grito no campo da inteligência artificial.

Adivinhamos logo à distância que há ali um síndrome de Estocolmo que se vai desenvolver, mas não será entre Maika Monroe e Ed Skrein. Será antes entre a primeira e Tau, o computador super-inteligente que gere a casa. É a ele que Maika vai ensinar o que é o mundo para lá daquelas quatro paredes (incluindo que os homens primitivos comiam dinossauros…) e, claro, fazer com que ele ganhe consciência como um Pinóquio virtual. Tau é o Hal, mas ao contrário.

O problema é que Tau, enquanto filme sobre a inteligência artificial, é muito pouco… inteligente. Antes pelo contrário, é extremamente pateta. Não é que sejamos entendidos na matéria nem tão pouco daqueles que só vêm sci-fi que seja cientificamente verdadeira, mas vá lá, a sério… para “controlar” o seu computador, Ed Skrein usa um dispositivo para lhe provocar “dor”? E quando lhe apaga parte do código, Tau… grita? E quando Maika está a ensinar a Tau música, isso consiste em lhe dizer os compositores dos mp3 que tem em memória? A sério que isso é o melhor que conseguem fazer?

Por isso, não há nada que Tau consiga fazer para ter um mínimo de interesse. E o realizador Federico D’Alessandro parece desistir disso rapidamente, especialmente quando chega à parte de pôr Maika Monroe a fugir por uma grelha de ventilação do seu próprio tamanho(!) que existe (pertinentemente) na parede dum quarto e a lutar (com sucesso, claro) com um robot altamente mortal. Ou, claro, quando tudo se resolve porque esta descobre que a casa tem um botão de auto-destruição(!). Literalmente! Tau só não é o pior Hamburga de Choco da história da ficção-científica recente, porque continua havendo o ridículo Lucy à sua frente.

Título: Tau
Realizador: Federico D’Alessandro
Ano: 2018

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