| CRÍTICAS | Rampage – Fora de Controlo

Há que admitir que, para fazer um filme como Rampage – Fora de Controlo, é preciso tomates. Afinal de contas, fazer um filme sobre um macaco gigante em 2018, quando há o King Kong, a sequela do King Kong e o remake do King Kong (para não falar de todos os encontros do King Kong com o seu primo japonês, Godzilla), é praticamente um suicídio comercial assumido. Mesmo que seja baseado num jogo de computador. Se bem que, quem se lembra do jogo da Atari, ainda terá mais uma razão para acreditar que os produtores do filme estiveram a fumar cenas ou fizeram alguma aposta com alguém (e perderam).

O que é certo é que estamos em 2018 e chega ao cinema Rampage – Fora de Controlo, filme baseado no jogo homónimo que consistia em animais gigantes a lutarem em cidades que iam destruindo. Por isso, há um macaco (albino) gigante, que é a estrela da picada, mas irá haver também um crocodilo gigante e um lobo gigante. E o lobo voa(!). E porquê? Porque se é para ser um filme sobre animais gigantes que destroem cidades, ao menos que se ponha a carne toda no assador.

Não se espere então grande sofisticação em Rampage – Fora de Controlo. O realizador Brad Peyton arranja uma desculpa mínima para justificar os animais gigantes – uma empresa malvada, liderada por dois irmãos esquisitos (Mallin Akerman e Jake Lacy), que desenvolvem um soro qualquer para fazer qualquer coisa por causa de razões – e atira o The Rock lá para o meio. Dwayne Johnson é o tratador do macaco, George, com quem consegue comunicar por linguagem gestual, se bem que também tem um passado qualquer no exército, o que se revelará extremamente pertinente.

A partir daqui, está lançada a patetice. O lobo e o crocodilo são extremamente gigantes, não se percebe bem porquê, mas isso permite lançar uma destruição sem precedentes pela cidade, dando umas imagens incríveis. Vale tudo em Rampage – Fora de Controlo, cujo subtítulo em português justifica muita coisa: The Rock leva tiros mas é como se nada se passasse; o macaco é trespassado por barras de ferro mas é como nada se passasse; e o filme desenrola-se até ao final, por entre a mega-destruição, como se nada se passasse.

Dwayne Johnson parece andar a especializar-se em filmes-catástrofe e Brad Peyton em fazer filmes com Dwayne Johnson. Rampage – Fora de Controlo promete destruição maciça e gratuita e não desilude nisto, como um série b à antiga, mas com um orçamento considerável. No entanto, até mesmo esses tinham algum conteúdo e os filmes de monstros funcionavam normalmente como metáfora de alguma coisa. Rampage – Fora de Controlo nem sequer tenta. Naomie Harris está lá, mas nem há subplot romântico (tirando as piadas porcas(!) do macaco no final); não há qualquer motivação para os malvados Mallin Akerman e Jake Lacy, que ao pé dos irmãos de Hudson Hawk – O Falcão Ataca de Novo são meras caricaturas; e Jeffrey Dean Morgan é… bem, Jeffrey Dean Morgan limita-se a ser ele próprio, ou seja, um cartune cheio de overacting. Aos filmes-pateta não basta serem apenas pateta, mas o que é certo é que já vimos filmes sérios bem piores que este Cheeseburger.

Título: Rampage
Realizador: Brad Peyton
Ano: 2018

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