| CRÍTICAS | Bullet

Danny Trejo parecia estar a viver uma carreira tranquila, encarrilada para ser o digno sucessor de Al Leong. Ou seja, um extra de luxo para filmes de acção, a quem era reservado a one liner mais memorável, a morte mais xunga ou a personagem mais bizarra. Até que uma brincadeira de Robert Rodriguez ganhou proporções que ninguém esperava. O trailer fictício de Machete, no intervalo do Grindhouse de Rodriguez e Quentin Tarantino, torna-se tão popular que o filme acaba mesmo por ser feito. E Trejo ganha uma espécie de mini-carreira.

Claro que chamar carreira a isso é favor. Durante um par de anos, até o entusiasmo de toda a gente se desvanecer, Danny Trejo passou de primeira escolha para capanga dos filmes de acção de série-b para protagonista desses mesmos filmes, a maioria straight-to-video. Não é algo pelo qual se deva propriamente orgulhar, mas é melhor que nada. E, sejamos sinceros, com aquela cara de mineiro rufia condenado com quem ninguém se mete na prisão fazem dele alguém por quem é impossível não sentir alguma empatia.

Bullet é então um desses filmes, que tem Danny Trejo na pele de um polícia. Apesar de alguns esqueletos no armário, ele é um profissional respeitável, mesmo que por vezes os seus métodos não sejam os mais heterodoxos. Por isso, quando um figurão do crime local – Jonathan Banks, o agiota manhoso de Breaking Bad – rapta o seu sobrinho para o obrigar a arcar com as culpas dum crime que atirou o seu filho para o corredor da morte, a polícia vai recuar e deixar Trejo ir tratar do assunto à sua maneira. Ou seja, com muitas armas e pontapés pelos dentes.

Não há muito a dizer de Bullet, já que tem iguais doses de falta de imaginação como de colecção de clichés. Obviamente que, com este título, o filme tenta prestar homenagem a esse clássico de Steve McQueen, Bullit, mas tirando o carro que Trejo conduz e essas semelhanças no nome, não há mais nada a apontar. Depois também percebemos que seja difícil fazer um filme de acção credível com alguém que custa já a correr. Afinal de contas, este boost na carreira de Trejo chegou já aos 70 anos. Tivesse vindo nos anos 80 e talvez a coisa fosse diferente. No final, tudo acaba como expectável, nada surpreende e nem há nenhuma situação de pancadaria que seja verdadeiramente memorável. Tudo sensaborão, como uma Hamburga de Choco de marca genérica.

Título: Bullet
Realizador: Nick Lyon
Ano: 2014

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