| CRÍTICAS | À Procura de Vingança

Houve uma altura que o mundo parecia que ia ser de Steven Seagal. Era uma altura em que ele ainda corria, os seus filmes ainda estreavam no cinema e até se davam ao luxo de ter os Beastie Boys na banda-sonora. Depois da estreia em Nico – À Margem da Lei, Marcado para Matar, Duro de Roer e este À Procura de Justiça arrasaram nas bilheteiras. A partir daí, seria sempre a descer.

Com um sentido de moda dormente e totalmente despropositado – camisola sem mangas e decote em v até ao umbigo + boina militar -, Seagal é um polícia de Brooklyn, o bairro italo-americano dos filmes de Scorsese. Quando um colega polícia e amigo de infância é assassinado pelo terceiro amigo do grupo (William Forsythe, a quem Seagal supostamente aconselhou a melhorar o sotaque de Brooklyn, apesar de ele ser natural de… Brooklyn), sem motivo aparente, o assunto vai tornar-se pessoal. Por isso, o seu chefe dá-lhe carta branca e uma espingarda para ele ir vingar-se e deixar um rasto de corpos atrás de si(!). Porque é isso que a polícia faz.

Poucas vezes Seagal terá tido a liberdade para ser o durão total de que tanto adora como em À Procura de Justiça. Naquela que ele admite ser a cena favorita da sua carreira, Seagal entra num bar cheio de malfeitores e provoca-os a todos em busca de informações, até ter desancado a maioria à porrada (mas sem aikido, surpreendentemente). Além de se pavonear por ali, ainda se dá ao luxo de chamar Dan Inosanto, o tipo que ensinou Bruce Lee a usar as matracas, e defronta-o com tacos de snooker, mas… de joelhos(!). E porque ele é o Steven Seagal, logo a seguir resgata um cachorro abandonado da rua(!), se bem que o deixa no carro sozinho o filme todo. Ah, esqueci-me que estavas aqui, diz ele no final. E nós também nos havíamos esquecido.

Também há um subplot com a sua mulher, de quem se está a divorciar, e com o filho pequeno e, no meio de todo o filme – que são 24 horas de busca incessante pelas ruas de Brooklyn à procura de William Forsythe -, Seagal ainda arranja tempo para a reconciliação. Melhor que ser o Steven Seagal, só ser o Chuck Norris. A diferença é que não há nenhum filme em que este último fale italiano como Seagal faz(!) em À Procura de Justiça.

Para ser um memorável pedaço de cinema xunga, só falta mesmo a À Procura de Justiça umas explosões e alguma pele gratuita. Porque de resto há daqui tudo (incluindo a estreia cinematográfica de Julianna Margulies ou o rip-off desavergonhado a Arma Mortífera 2, com um tipo a quem lhe partem o nariz três vezes em menos de um dia e a fala I’m too old for this shit). Existem muitos filmes xunga em que as leis da física não se aplicam, mas aqui são as regras da matemática que não tem espaço: Forsythe vai num carro com quatro capangas atacar a casa de Seagal – sete(!) morrem e dois escapam de carro(!!). À Procura de Justiça é Steven Seagal in a nutshell e o seu melhor McBacon. Há pouca série-b deste calibre!

Título: Out for Justice
Realizador: John Flynn
Ano: 1991

One thought on “| CRÍTICAS | À Procura de Vingança

  1. Filme bom ,hoje só se vêem merdas e merdas , bons os tempos de Steve , Bruce , Chuck, van , silvestre e Arnod agora só se tens bostas no ar …..

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