| CRÍTICAS | O Amante Duplo

Conhecemos Marine Vacht em 2015, precisamente com François Ozon, quando ela se entregou “aquela vida” no Jovem e Bela. Por isso, quando ambos decidiram repetir a parceria, três anos depois, sabemos que algo de especial está para acontecer. Terá Ozon encontrado a sua musa?

Marine Vacht é então uma jovem com dores de barriga aparentemente psicossomáticas, que decide trata-las com terapia. E a decisão revela-se um dois em um. Não só as dores parecem desaparecer, como Marine Vacht e o psicólogo, Jérémie Renier, acabam por ficar juntos.

O conto de fadas parece mais ou menos perfeito, até que algo desconcertante acontece. Marine conhece um doppelganger de Jérémie Renier, que ainda por cima é igualmente psicólogo. Lembramo-nos logo de O Homem Duplicado, se bem que aqui a coisa tem uma explicação mais lógica: Renier e o seu duplo são irmãos gémeos de relações cortadas, já que um é o bonzinho e o outro é o malvado.

Obviamente que sabemos onde aquilo vai terminar. Marine envolve-se com ambos, fascinada sobretudo pela atracção pelo abismo do gémeo mau, que se reflecte sobretudo na cama. É que O Amante Duplo é um filme extremamente erótico, em que a questão do duplo tem projecção sobretudo a nível sexual.

Falta a Ozon vestir aqui um bocadinho mais a sua pele de Alfred Hitchcock (e ele que tinha sido tão Chabrol no não muito distante Dentro de Casa), para dar um pouco mais de profundidade à parte do filme de mistério e suspense. Mas O Amante Duplo tem a sua parte de inquietação, perturbação e até alguma esquisitice gratuita. Só é pena é que, no final, tenha sentido necessidade de explicar tudinho. Pior, só se, no fim, descobríssemos que tudo tinha sido apenas um sonho. Se isso acontecesse, nem o McChicken levaria para casa.

Título: L’Amant Double
Realizador: François Ozon
Ano: 2017

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