Jean-Claude Van Damme tem passado a carreira toda a ter que recuperar toda a família raptada. A mulher, os filhos, o irmão e a senhora lá de casa… Por isso, quando pensávamos que já não havia ninguém para raptar, eis que Estado Crítico sobe um novo degrau. Aqui, Van Damme vai ter que recuperar… o seu rim(!).
Como assim?, perguntam vocês. É isso alguma metáfora? Não, é mesmo literal. Estado Crítico é o filme em que Van Damme vai às Filipinas, conhece uma tipa à noite e acorda na manhã seguinte todo nu, na banheira cheia de gelo e com uma cicatriz na zona lombar.
Toda a gente conhece este mito urbano. Mas o realizador Ernie Barbarash dá-lhe um pequeno twist. Van Damme vai querer recuperar o rim, não só porque é seu e ter os dois dá sempre jeito, mas porque precisa dele para o doar à sobrinha. Por isso, vai ter a ajuda de um filipino antigo aliado seu (Aki Aleong, o general Quoc de Desaparecido em Combate 3) e do seu irmão (John Ralston).
O irmão de Van Damme traz para a história mais dois subplots, tão descabidos quanto desnecessários. O primeiro é uma reflexão sobre Deus, que fazia sentido num filme de Clint Eastwood, mas não aqui (talvez por ser ambientado no maior país católico da Ásia); e o segundo é uma complicada teia familiar, que envolve a falecida mulher e cunhada de JCVD, e que serve apenas para justificar a relação conturbada entre os manos.
O problema destes dois subplots é que vão intrometer-se no filme num momento em que está a engatar para partir para um frenesim de pancadaria brava. Van Damme vai perder demasiado tempo em conversas e a sentir coisas, quando o que queríamos mesmo era mais situações de porrada, como a que ele distribui numa discoteca armado com… uma Bíblia(!).
Há ainda um momento icónico em que o belga volta a fazer a espargata, num carro em movimento, em que nos levantamos e tiramos o chapéu. Sim senhores, Estado Crítico merece o Double Cheeseburger apenas por esse momento. Mas ver o resto não traz mal nenhum ao mundo.
Título: Pound of Flesh
Realizador: Ernie Barbarash
Ano: 2015