| CRÍTICAS | Um Lobisomem Americano em Londres

Toda a gente conhece John Landis, mesmo que não o saibam. E se não é pela sua filmografia de filmes de terror com um toque de humor (ou será que é o oposto?), é pelo teledisco de Thriller, de Michael Jackson, um dos mais reconhecíveis da história da cultura poular anglo-saxónica. O que já nem toda a gente sabe é que esse vídeo não existiria sem este Um Lobisomem Americano em Londres. Consta que Michael Jackson ficou tão impressionado com o filme que não descansou enquanto não contratou toda a equipa envolvida.

Antes de serem denegridos naqueles filmes com vampiros que brilham, os lobisomens eram uma das mais ilustres criaturas clássicas da sétima arte. Monstros que se transformavam em lobos gigantes e sanguinários nas noites de lua cheia. O lobisomem aqui é David Kessler (David Naughton), que fica amaldiçoado depois de ter sido atacado por uma destas bestas durante uma eurotrip ao norte de Inglaterra. Menos sorte teve o seu amigo, Jack (Griffind Dunne), que morreu dilacerado pelas garras do animal.

David fica assim amaldiçoado duas vezes. A primeira porque está condenado a transformar-se num monstro peludo todas as noites de lua cheia, que sai para matar tudo o que mexe e se cruza no seu caminho, sem se lembrar de nada no dia seguinte; e a segunda porque as suas vítimas serão para sempre fantasmas errantes, que o amaldiçoarão para a eternidade, até o último lobisomem morrer. O que deverá David fazer?

É este segundo ponto que dá pontos extra a John Landis e a Um Lobisomem Americano em Londres. Normalmente, os lobisomens são sempre homens atormentados por uma transformação que não controlam – e que é uma alegoria ao instinto animal do ser humano – e que, normalmente, acabam por se acorrentarem para não causarem danos. Mas aqui isso não chega. E os mortos-vivos que dialogam consigo, enquanto erram por um limbo existencial, dão-lhe constantemente a sugestão da única saída possível: o suicídio.

John Landis, contudo, trata a coisa com ligeireza, mas sem despeito. O seu humor é sempre hábil e inteligente, servindo sobretudo para tornar tolerável (e super-amigável) o tom gore do filme. O final, numa sequência inesquecível, é o melhor exemplo disso: David e os fantasmas das suas vítimas reúnem-se num cinema porno para discutirem a situação, terminando tudo numa matança descomunal em pleno Picadilly Circus.

Finalmente, Um Lobisomem Americano em Londres tem ainda aquele factor uau, que o torna num filme de culto: os efeitos-especiais. A caracterização e os fantoches de Rick Baker, que lhe valeram inclusive o primeiro Oscar respectivo da história da Academia -, dão ao filme um visual único, algures entre a bonecada do Jim Henson e o cinema fantástico moderno, que continua sem envelhecer. Só por isto é impossível não gostar de Um Lobisomem Americano em Londres, o mais saboroso McRoyal Deluxe de John Landis.

Título: An American Werewolf In London
Realizador: John Landis
Ano: 1981

2 thoughts on “| CRÍTICAS | Um Lobisomem Americano em Londres

  1. um lobisomem americano em Londres” é imbatível…sem dúvida o melhor filme de lobisomem de todos os tempos…Aquela estranha criatura canina com traços de urso realmente é a imagem clássica de como um lobisomem bem feito deve ser , mas “um lobisomem americano em Paris” também é muito bom, exatemente por que se baseia nos caracteres originais de John Landis…….As criaturas tem um aspecto canino bastante peculiar e sobrenatural. Agora imagine o filme “Um Lobisomem Americano em Londres” sendo refilmado usando-se o mesmo modelo de lobisomem, mas com a tecnologia do século 21 e a computação gráfica…..os resultados serão sensacionais…….mal posso esperar

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