| CRÍTICAS | Furiosa – Uma Saga Mad Max

Ainda se lembram de como eram antes de ver Mad Max – Estrada da Fúria? Nem nos nossos melhores sonhos imaginávamos que o regresso de George Miller ao seu universo pós-apocalíptico de um mundo árido e dominado pelos motores de combustão pudesse ser assim, tão glorioso. Mad Max – Estrada da Fúria foi um estrondo em 2015, um filme de acção perfeito e uma orgia de violência, velocidade e muitas octanas a mais no sangue. Por isso, quando logo a seguir anunciaram Furiosa – Uma Saga Mad Max, a prequela que contaria a origem da personagem de Charlize Theron, ninguém se preocupou. Ninguém esperaria um filme do mesmo nível, mas desde que George Miller estivesse ao volante, isso era suficiente.

Nove anos depois estreia então Furiosa – Uma Saga Mad Max e, surpresa! (ou não), é quase tão bom quanto Furiosa – Uma Saga Mad Max. Claro que já não tem o efeito uau do anterior, porque é impossível repetir aquele arrebatamento de 2015, e neste já se abusa um pouco dos efeitos-especiais digitais (há lá uns cães que, pronto…), perdendo um pouco daquela sujidade orgânica do anterior, que fora filmado no deserto da Namíbia, mas que parecia os bons velhos tempos do Mad Max – As Motos da Morte no outback australiano (que saudades da oxploitation!). Mas Furiosa – Uma Saga Mad Max não deixa os seus créditos por mãos alheias e é mais uma óptima entrada na série. Para já, a sequela com a Tina Turner continua a ser de longe o pior dos cinco filmes.

Furiosa – Uma Saga Mad Max conta então a história de como Furiosa (na juventude encarnada por Alyla Browne, depois por Anya Taylor-Joy, ambas poderosas no papel) foi raptada do oasis verdejante em que vivia por Dementus (Chris Hemsworth), passou pelo grupo de esposas de Immortan Joe (Lachy Hulme) e terminou ela própria numa Guerreira da Estrada, ensinada por Pretorian Jack (Tom Burke). É quase uma história de formação (violenta e altamente estilizada, claro), mas ao mesmo tempo seguimos também a evolução de Dementus. E a personagem de Chris Hemsworth, que aqui aprimora o seu Thor barrigudo a novos níveis de insolência e crueldade, é mesmo a grande conquista de Furiosa – Uma Saga Mad Max. Dementus começa como aspirante a déspota, vogando pelo deserto na sua quadriga tripla de motas(!), e termina como um vilão totalitário, que quer dominar as quatro grandes fortalezas da terra árida.

Furiosa – Uma Saga Mad Max é mais um filme de vingança do que um filme de origem, já que a viagem da protagonista é bem straight forward: Alyla Browne é raptada e jura a si própria regressar a casa, mas sem antes vingar-se do homem que lhe matou a mãe. Por isso, Furiosa – Uma Saga Mad Max é mais um dos filmes de acção action driven de George Miller, com muitas perseguições automóveis, ainda que nenhuma realmente grandiosa como no filme anterior.

Seja como for, Furiosa – Uma Saga Mad Max tem outros pontos de interesse. Vai inserindo elementos que reconhecemos de Mad Max – Estrada da Fúria, faz rasantes a essa a história (termina onde esse começa, por exemplo, e até utiliza o plano de abertura desse filme para mostrar como este não só pertence ao mesmo universo cinematográfico, como se cruza com ele no tempo e no espaço) e tem um par de referências a Mad Max 2 – O Guerreiro da Estrada, que faz qualquer fã apreciar esta nova entrada no universo Mad Max. Furiosa – Uma Saga Mad Max é mais um grande McRoyal Deluxe de George Miller e que sabe ainda melhor tendo em conta que estávamos dispostos a ficar satisfeitos com menos.

Título: Furiosa – A Mad Max Saga
Realizador: George Miller
Ano: 2024

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