| CRÍTICAS | A Cura

Depois de ter vendido a alma ao Diabo e de ter andado condenado a fazer blockbusters para a Disney, Gore Verbinski teve de esperar que o filão Piratas das Caraíbas secasse para ser libertado. Eis então que surgiu A Cura, filme que perdeu uma excelente oportunidade para ser uma sátira a todos os adeptos do shanti-shanti, das dietas detox e demais tretas pseudo-científicas.

A Cura é um thriller psicológico ambientado num sanatório suíço, algures nos Alpes. E, como sabemos, esses sítios são sempre propícios para perder a cabeça e para alucinar. Já todos vimos Bz – Viagem Alucinante, Shutter Island ou até o mais realista Voando Sobre um Ninho de Cucos. Assim, o trabalho de Verbinski já estava meio feito logo à partida.

Dane DeHaan é um daqueles jovens capitalistas (e um pouco miscast, diga-se) capaz de tudo para suceder na vida. Por causa dessa fome de sucesso e dinheiro, vai ter que viajar até ao tal sanatório perdido no meio dos Alpes para resgatar o CEO da sua empresa (Harry Groener), que se perdeu de amores pelos atributos curatórios do aquífero local. Obviamente que, ao chegar, DeHaan vai perceber que aquele é um daqueles sítios de onde não se consegue realmente sair.

Há muita coisa para absorver em A Cura. Há muitas alucinações, especialmente com enguias; há uma jovem misteriosa (Mia Goth), que parece mais velha do que realmente é; há histórias passadas de antiga nobreza morta naquele exacto local por turbas enfurecidas; e há muitos pacientes meio-zombies, que parecer não ver (ou importar-se) com aquele estranho ambiente que se abate no sanatório.

Claro que Verbinski dispara em todas estas direcções porque não tem propriamente um argumento para explorar. Aliás, o que há são apenas umas ideias espertalhonas, como se Verbinski quisesse fazer um thriller num sanatório e tentasse encher o resto com ideias que foi tirando de outros filmes. O que é pena é que A Cura, formalmente falando, até é bastante interessante.

Obviamente que é fácil tornar apelativo um filme com um orçamento e um decor destes, mas há mais aqui do que simplesmente isso. Há uma clara influência do expressionismo alemão, do Shining e de toda uma série de filmes mindfuck e das suas respectivas variações. Se aguentar aquele terço fial, tão longo quanto desnecessário e pateta, também ir+á suportar à vontadex um Cheeseburger.

Título: A Cure For Wellness
Realizador: Gore Verbinski
Ano: 2016

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