| CRÍTICAS | The Requin

É impressionante como os filmes de tubarões continuam a dar frutos. Aquilo que parecia ser um fenómeno fugaz, que se deveria ter esgotado ali por alturas do Sharknado 5 mil, continua a ser chão que dá uvas. É certo que é um sub-género muito restrito à série b, mas de quando em vez lá transborda das margens para o centro, com coisas mais manhosas tipo o Meg: Tubarão Gigante, ou outras bem aceitáveis como Águas Perigosas.

Eis-nos então chegados a The Requin, um série b que tenta infiltrar-se num campeonato acima, especialmente a reboque do nome de Alicia Silverstone (quem?). Silverstone e o marido (James Tupper) são então um casal a atravessar uma fase de luto e trauma, que decidem tentar salvar o casamento (e a saúde mental) com uma viagem ao Vietname. Alojam-se num hotel de cabanas sobre a água e, certa noite, durante uma tempestade mais forte, a cabana é arrancada das fundações(!) e eles são atirados para o alto-mar.

Durante a primeira metade, The Requin é um survival movie em alto mar, com Tupper a esvair litros de sangue como se fosse um mero corte num dedo. O filme é todo ele um fartote de CGI manhoso, renderizado num spectrum com 48 kapas, e filmado em green screen, se bem que muitas vezes parece que alguém se esqueceu de inserir o fundo. Como alguém escreveu, é como se The Requin tivesse sido realizado durante uma chamada em directo no Zoom.

Por entre muitas decisões erradas e muita coisa irrealista, Alicia Silverstone e James Tupper lá continuam à deriva, numa jangada cada vez mais pequena, enquanto se atiram a um par de diálogos dramáticos. Mas isto não era um filme de tubarões? Eis então que eles surgem, já lá vamos a mais de meio do filme. Sem aviso, chegam, comem Richard Tupper e vão embora outra vez. É só isto? Nem sequer vai haver um tubarão gigante? O que é um requin? E como é que isso se pronuncia?

É então que Alicia Silverstone encontra… um pescador vietnamita numa pequena embarcação(!). Mais um par de más decisões e outras tantas irrealistas e eis então um último tubarão. Este parece efectivamente maior e mais malvado (mais esfomeado?), mas é também aí que The Requin abraça de vez o CGI manhoso. O tubarão é tão manhoso e com tantos pixeis que o meu gato, que dormia ao meu lado, levantou as orelhas e perguntou mas isso é uma cena da Asylum? Fui ver, não era. É só mesmo mau. Mas Alicia Silverstone nunca se deixa abater e, durante todo o filme, grita, esperneia, esbraceja, sofre… Há que dar o braço a torcer, não é pela antiga companheira da filha do tipo dos Aerosmith no Crazy que isto falhou. Foi por tudo o resto, claro. Não se deixem enganar, não é por ter tubarões que The Requin vale a pena. Aliás, pode parecer-vos estranho, mas também existem filmes de tubarões que valem um Pão com Manteiga.

Título: The Requin
Realizador: Le-Van Kiet
Ano: 2022

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