| CRÍTICAS | Decisão Crítica

Quando estreou Machete foram muitos os que se regozijaram por ser o primeiro filme em que Steven Seagal morria (se bem que era mais o filme em que Seagal decidia morrer…). Quem o fez é porque não se lembra de Decisão Crítica, que Stuart Baird assinou em 1993, e em que Steven Seagal morre à meia-hora de filme. Se bem que a coisa não foi fácil. O argumento dizia que a sua cabeça explodia devido à pressão, Seagal recusou-se a fazer uma cena tão violenta e recusou-se a voltar a aparecer no plateau até reescreverem a sua morte para uma cena mais heróica, onde se sacrifica pelos colegas. Seja como for, Decisão Crítica merece ser mais recordado. Afinal de contas, este é que é o primeiro filme em que Seagal morre.

Decisão Crítica é um filme sobre um género que caiu em desuso, especialmente desde que Aeroplano o parodiou. Falo, obviamente, dos aviões em perigo. E tendo em conta que uma das primeiras cenas é Kurt Russell a aprender a pilotar aviões, já sabemos como é que isto vai terminar, não é? Pelo meio há uns terroristas islâmicos que raptam um 747 cheio de passageiros e uma bomba capaz de dizimar a costa este dos Estados Unidos. Steven Seagal é chamado a intervir e, por razões pouco esclarecedoras, envolve na sua equipa dois civis sem treino militar que os atira para as feras: Kurt Russel, agente dos serviços secretos (e que, por ter sido apanhado no meio de um jantar de gala, vai para o teatro de operações de smoking, como se fosse James Bond), e Oliver Platt, engenheiro informático.

A grande novidade de Decisão Crítica é a forma como enfia os bons num avião em voo. Stuart Baird saca da manga um avião experimental qualquer desenvolvido pela NASA, que permite acoplar-se a qualquer aeronave e fazer a transfega da cavalaria. No entanto, apesar destes irem fortemente armados e serem uma equipa altamente treinada para desfazer terroristas em papinha, Decisão Crítica tem o bom-senso de não se deixar ir em fogo-de-artífico de série b, até que para isso já existe o Força Delta. Assim, há muito  jogo pelo seguro, com movimentações nos bastidores, bombas que são desarmadas no último segundo e suspense enlatado.

Halle Berry é uma hospedeira bastante perspicaz que, depois de ver um mapa desenhado à mão e que tem escrito Washington no centro, percebe que os terroristas querem fazer um atentado com armas químicas(!), e vai funcionar como elo de ligação entre o que se passa nas cabines e no porão. John Leguizamo ganha uma inesperada preponderância no filme depois do desaparecimento precoce de Steven Seagal e Kurt Russell assume-se como o herói (não tão) inesperado, que no final vai aterrar o avião sozinho. Pelo meio ficam os clichés do género e a preocupação em demonstrar que aqueles terroristas estão a fazer aquilo em nome próprio e que nada daquilo tem a ver com Islão. Mensagem recebida, obrigado, mas ainda estamos em choque por Seagal morrer ao fim de meia hora de filme. Se isso não merece um Happy Meal não sei o que merecerá.

Título: Executive Decision
Realizador: Stuart Baird
Ano: 1993

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