| CRÍTICAS | Rim of the World – Até ao Limite!

McG é o tipo com o nome mais irritante da história do cinema. Que raio é isso? O que significa McG? E porque é que parece sempre que estamos a falar da cadeia de hamburguesas do Ronald McDonald?
E, como se não bastasse McG ser um nome irritante, os seus filmes são igualmente exasperastes. Que ódio!

No entanto, também sou um tipo justo e tenho que dar o braço a torcer. The Babysitter, o filme anterior que McG fez para a Netflix, teve a sua piada. E isso foi suficiente para dar uma oportunidade a este Rim of the World – Até ao Limite, também feito para a plataforma de streaming.

E, para provar logo que é um tipo extremamente incomodativo, McG chega claramente atrasado, porque a tendência dos filmes de miúdos já passou. Stranger Things foi o culminar desse fenómeno de nostalgia, que começou a ser construído por J. J. Abrams, em Super 8, e que nos deu coisas tão interessantes como Super Dark Times ou River’s Edge. Por isso, ainda não começámos a ver Rim of The World – Até ao Limite e já sabemos que não gostamos.

McG não só não procura fugir à fórmula, como ainda procura enfatizar ao máximo todos os códigos do género. Existem então quatro jovens bem diferentes, que vão formar o herói colectivo do filme: o nerd (Jack Gore), o engraçadinho (Benjamin Flores Jr.), o rebelde (Alessio Scalzotto) e a miúda (Miya Cech). Todos eles vão-se encontrar num campo de férias no exacto momento em que a a Terra é invadida por extraterrestres malignos e a sua missão para salvar a Humanidade vai ser apenas um pretexto para um coming of age inesperado e para ultrapassarem os seus próprios obstáculos pessoais.

Rim of the World – Até ao Limite é assim o Dia da Independência protagonizado por miúdos, o que até podia ter piada se McG não se levasse a sério, como fez em The Babysitter. O problema é que é tão formulaico e tão genérico, que se limita a ser uma sucessão de sequências sem alma, pilhadas a vários filmes avulso (de Parque Jurássico a Predador) e coladas com cuspo. E, como se isso não bastasse, abusa forte e feio do comic relief de Benjamin Flores Jr., que tem tanta piada quanto o Nilton (desculpa Nilton, não leves a mal) e que se torna ainda mais irritante que o próprio McG. Ao fim de dez minutos em cena já nem podemos ouvir a sua voz e, se houvesse um pecador de gelo à mão, teria-o espetado nos tímpanos.

McG enche ainda o filme de várias referências a filmes completamente descontextualizados, que ninguém que vai ver Rim of The World – Até ao Limite vai perceber. Como é que o público alvo deste filme (os que nasceram depois do ano 2000, que têm trissomia 21 ou que acham que ser instagramer é uma profissão) vai perceber quem é o Werner Herzog? Além disso, porque raio a maioria das piadas que Benjamin Flores Jr. atira são tão sexualizadas? Nenhum miúdo da idade dele as diria porque… não as compreenderia. A coisa chega a ser constrangedora.

Rim of the World – Até ao Limite é, portanto, um filme feito para o sound byte. Para ser replicado nas redes sociais, com uns filtros porreiros e memes a condizer. Só que ninguém vai fazer isso porque não há nada de interessante para pegar. Que irritação! McG irrita-me. Vou comer esta Hamburga de Choco de forma irritada. Que sofrimento é a minha vida.

Título: Rim of the World
Realizador: McG
Ano: 2019

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