| CRÍTICAS | Atlântida – O Continente Perdido

Neste vídeo, em que uma arqueologista analisa vários filmes de aventuras, é mostrado às tantas o Atlântida – O Continente Perdido, que Mariana Castro – a dita cuja – revela ter sido a grande razão pela qual enveredou por essa carreira. A minha associação de ideias foi simples: então eu, como apreciador do Indiana Jones, também irei gostar de Atlântida – O Continente Perdido. Por isso, toca de alugar o dvd no Videoclube do Senhor Joaquim.

Atlântida – O Continente Perdido é um dos filmes da fase complicada da Disney, em que atravessava uma crise de identidade. A animação digital tinha chegado em força e a Pixar dominava o mercado, com a Disney a ter dificuldade em saber que caminho seguir. Atlântida – O Continente Perdido é assim uma espécie de excepção na linhagem dos filmes Disney, em que o musical é substituído pela aventura. Menos canções, mais explosões. E o maior bodycount da história dos desenhos-animados do rato Mickey.

Também a animação é ligeiramente diferente do que estamos habituados na Disney. É um traço menos arredondado e menos cartune e mais banda-desenhada. É a influência de Mike Mignola, o criado de Hellboy, que acabou por ser um inesperado contributo para o filme. Aliás, a influência de Mignola está em todo o lado de Atlântida – O Continente Perdido: o ambiente steampunk, o realismo mágico, as criaturas mitológicas…

Atlântida – O Continente Perdido é assim um filme que cruza as matinés aventureiras de Errol Flynn com os monstros de Ray Harryhausen (aliás, o mesmo que Steven Spielberg tinha feito com Indiana Jones) e depois lança-o num frenesim retro-futurista, com máquinas voadoras e civilizações alternativas de influência claramente japonesa (aliás, há quem tenha mesmo colocado Nadia: The Secret of Blue Water e a palavra plágio na mesma discussão). O ano é então o de 1914 e um jovem e nerd linguista, Milo (voz de Michael J. Fox), é contratado por um milionário excêntrico para integrar a sua expedição à Islândia para encontrar o continente perdido da Atlântida.

A equipa é longa, mas rapidamente fica reduzida ao grupo principal, tão estereotipado quanto possível: um especialista em explosivos, um especialista em escavações, uma militar durona ou uma mecânica mais jovem do que devia, por exemplo. Todos eles são bidimensionais, mas apenas estão lá para gerir a montanha-russa de emoções despoletadas pelas aventuras, num argumento claramente action driven.

Depois lá chegam à Atlântida, onde o rei tem a voz de Leonard Nimoy (uma referência cruzada divertida, já que o criador do klingon, Marc Okrand, foi também o criador da língua dos atlantes), e o filme tenta ganhar uma costela mais séria. No entanto, fica tudo limitado pela inexistência de personagens a sério (excepto Milo, o protagonista), piadas com graça, um vilão verdadeiro ou uma história solidificada. Atlântida – O Continente Perdido é um filme de enorme potencial, mas que necessitava de mais trabalho no argumento, alguém que lhe desse ainda mais uma polidela. É um Disney menor, mas ao mesmo tempo é um McChicken que entretém qb.

Título: Atlantis – The Lost Empire
Realizador: Gary Trousdale & Kirk Wise
Ano: 2001

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