| CRÍTICAS | Come to Daddy

O nome de Ant Timpson provavelmente não vos diz nada, mas se referir que é o produtor de títulos como The Greasy Strangler, Turbo Kid ou Censor – alguns dos filmes mais fora da caixa dos últimos tempos no que diz respeito aos sub-géneros do terror e fantástico -, talvez a coisa altere-se um pouco. Come to Daddy é a estreia de Ant Timpson na cadeira de realizador, um filme que, tal como esses títulos mencionados, procura abordar o género a partir de um novo (e improvável) ponto de vista, ao mesmo tempo que presta tributo a coisas tão díspares, de O Hotel da Barafunda a Cães de Palha (confissão do próprio).

Elijah Wood é então um jovem artista e DJ, com penteado a lembrar o Skrillex e uma mala cheia de inseguranças, que viaja para se reencontrar com o pai (Stephen McHattie), que havia abandonado a família quando era pequeno. Foi o próprio que enviou uma carta a convidar o filho a visita-lo numa estranha casa em forma de disco voador sobre a praia, mas quando Elijah Wood lá chega este parece tudo menos interessado em tê-lo por perto. Não só mantém uma atitude distante, como chega mesmo a ser provocador e antagónico. Rapidamente o humor negro e absurdo de Come to Daddy começa a mostrar que pode haver mais por trás.

Até que há um twist, o pai tem um ataque cardíaco fulminante e, de repente, lá vamos nós pela toca do coelho abaixo, enveredando por uma história de vingança que inclui canetas com cocó, convenções de swingers, prostitutas musculadas e outras bizarrarias. É como se Ant Timpson tivesse jogado o argumento às urtigas (se é que houve realmente um) e começasse a improvisar no momento. Por isso, é impossível adivinhar onde vai parar Come to Daddy, um filme sobre a paternidade e a reunião parental entre pai e filho que rapidamente se transforma noutra coisa. Essa coisa nunca é propriamente objectiva, mas… o que é que isso interessa?

Há em Come to Daddy algum gore porn, suspense e uma história que se vai alimentando dos constantes twists, mas há sobretudo Elijah Wood, que consegue manter o filme ligado até ao final, apesar da história ser colada com cuspo. E é isso que salva esta estreia de Ant Timpson na realização. Olhando para este Cheeseburger talvez seja melhor continuar como produtor. Afinal de contas, se essa carreira lhe está a correr bem, talvez seja melhor não inventar e depois comprometer ambas. Ficamos todos a ganhar.

Título: Come to Daddy
Realizador: Ant Timpson
Ano: 2019

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