| CRÍTICAS | Eddie, a Águia

Nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1988, em Calgary, a equipa de bobsled da Jamaica fazia história, na sua participação de sempre numa modalidade pouco… natural para um país tropical. A aventura foi documentada em Jamaica Abaixo de Zero, clássico dos anos 90 com a assinatura Disney. Nas mesmas Olimpíadas, o inglês Eddie Edwards ganhava a alcunha de Águia e tornava-se no primeiro britânico de sempre a saltar de ski, tendo tido mais entrevistas nesse ano do que o medalhista da sua modalidade, o finlandês Matti Nykanen. Essa aventura foi agora transportada para o grade ecrã neste Eddie, a Águia. E agora fica só a faltar o filme da participação portuguesa, que se estreou nos Jogos Olímpicos de Inverno nessa mesma edição na modalidade de bobsled, tendo conseguido não ficar em último. Esse lugar fora para os jamaicanos.

Eddie Edwards foi então um fenómeno de popularidade nesses Jogos Olímpicos, mas não pelos motivos certos. Um freak que, como o próximo disse, trouxe cor à competição. E, ao mesmo tempo, um exemplo de superação e de como todos os sonhos são alcançáveis. É precisamente essa a mensagem de Eddie, a Águia, que termina com uma citação do Barão Pierre de Coubertin, o fundador das Olimpíadas modernas: o mais importante nos Jogos Olímpicos não é ganhar, mas participar; o mais importante na vida não é triunfar, mas lutar.

Eddie Edwards (interpretação genial de Taron Egerton, a emular todos os maneirismos do saltador inglês) é um tipo… especial, que parece saído de um filme do Jared Hess: um inglês da working class, que contraria o destino de seguir a profissão de estucador como o pai e teima em tornar-se atleta olímpico de saltos de ski, modalidade que nem sequer existe no seu país. Eddie, a Águia sabe então como importar esse ambiente absurdo, para contar aquela aventura que tinha tudo para dar errado, mas que se torna num caso de inspiração, num feelgood movie com o mesmo espírito de filme para toda a família que tem o seu primo, Jamaica Abaixo de Zero.

É certo que não deixa de ser um pouco (onde está escrito pouco, deve-se ler muito) formulaico, em que nem sequer falta a criação de um ex-saltador promissor perdido para as garras do álcool (Hugh Jackman) que se vai tornar no seu treinador e mentor. Mas a boa onda de Eddie, a Águia compensa essa precisão em detrimento de uma abordagem mais calorosa. Bem mais lamentável é não ter aproveitado a oportunidade de fazer do Jump, dos Van Halen, a theme song do filme, faltando uma montage musical ao som desse clássico dos anos 80 enquanto Eddie Ewards treinava. Aí sim, o McBacon de Eddie, a Águia era totalmente justificado.Título: Eddie the Eagle
Realizador: Dexter Fletcher
Ano: 2016

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