| SÉRIES | The OA

Olá, eu sou o Diogo Augusto e a série The OA magoou-me. Se o objectivo era encravar o maior número de clichés e buracos lógicos no enredo em oito episódios, então, sr. Zal Batmanglij e sr.ª Brit Marling, queiram aceitar os meus parabéns.

Vamos lá ver:
– jovem protagonista que passou por muita amargura, mas tem uma bondade inata e um dom que a torna especial (não somos todos nós, afinal, especiais?): ✓
– um parceiro do sexo oposto renitente no início, mas depois fã número 1 e fonte inesgotável de tensão sexual: ✓
– antagonista que não tem, na verdade, uma natureza má, mas deixou-se cegar pela ambição desmesurada: ✓
– grupo de adolescentes muito perturbados, muito ostracizados, muito rebeldes que, no fundo, só não se aperceberam ainda que o mundo os ostraciza por eles serem muito especiais e, no fundo (ainda que de vez em quando esmaguem traqueias a alguém por ciúmes), óptimas pessoas: ✓
– misticismo superficial com som de cítaras à mistura e referência astronómicas disparatadas para lhe dar uma sensação de profundidade: ✓
– pais que, embora muito bem intencionados, na verdade não percebem os seus filhos e, ainda que sem o saber, só lhes dificultam a vida: ✓

A torrente de palermices desconexas e de buracos no enredo que depois são tapados às três pancadas, tratando os espectadores como incapazes, é verdadeiramente enfurecedor. Desde o captor que dispõe de meios tecnológicos ultra avançados e máquinas de filmar (inclusivamente de infra-vermelhos) que controlam os seus cativos, mas não se lembra de captar o som porque se o fizesse a história não passava do segundo episódio, a mecanismos de tensão artificial (o jovem mauzão que está vai-não-vai para ser mandado para um colégio interno militar) completamente disparatados, sem nexo e com falhas lógicas mais do que óbvias, tudo contribui para que o exercício de visionamento desta série seja uma longa sessão de nervos, asneiras e esbugalhamento de olhos.

Na realidade, nem a representação safa a série logo à partida, com uma protagonista (co-criadora da série) que dá ideia de estar nas aulas de expressão dramática do secundário de que gosta muito e que um dia, sei lá, gostava de transformar na sua vida. Riz Ahmed (Nazir na incomparavelmente melhor The Night Of) podia salvar a honra do convento mas, claramente, o convento não quer a honra salva e atira-o aos lobos num papel sem qualquer tipo de impacto na narrativa e que parece só existir porque arranjaram o actor e quiseram pô-lo num papel qualquer.

Por ter feito tudo isto e, acima de tudo, por ter feito a narrativa avançar à custa de batota lógica uma e outra e outra vez, o The AO magoou-me. E magoou-me onde mais custa sarar e também onde mais dói: na inteligência.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *