| CRÍTICAS | Vampiros de John Carpenter

Há que o dizer com frontalidade: não há mais nenhum realizador no Mundo para além de John Carpenter, cuja reputação permita que se baptizem os seus filmes com o próprio nome. Como se fosse um selo de qualidade, um pouco por todo o Mundo convencionou-se a chamar Vampiros de John Carpenter a esta experiência cinéfila, em vez de lhe acrescentarem algum subtítulo manhoso, como é tradição.

O nome não deixa enganar. Vampiros é um filme sobre vampiros. Passado nos dias de hoje, Jack Crow (um James Woods com muito, muito estilo) é o destemido líder de um grupo de caçadores de vampiros, forças especiais financiadas pela Igreja Católica para capturarem e matarem todos os sugadores de sangue do Mundo. No entanto, um aparentemente inofensivo ninho junto ao México revela ser a casa do temível Mestre Vampiro Valek (Thomas Ian Griffith), o vampiro original que, segundo a profecia, há de regressar e, qual Messias, transformar todos os vampiros em seres diurno graças a um artefacto religioso.

Com o grupo totalmente massacrado, apenas restam três alminhas para salvar o dia: o líder Jack Crow, obviamente, o seu fiél companheiro Montoya (Daniel Baldwin, o selo xunga deste filme) e um ingénuo padre (Tim Guinee), cuja sua função no filme é a mesma de Joe Pesci em Arma Mortífera: a de ser enxovalhado, espancado e agredido constantemente.

É impossível ver a primeira meia-hora de Vampiros de John Carpenter e não querer ver o resto: esta parte é o verdadeiro filme de acção de Carpenter, com um grupo de homens armados até aos dentes, a matarem indiscriminadamente vampiros dentro de uma casa abandonada. E tudo com muito estilo. E até um padre a dar a benção cá fora. Vampiros de John Carpenter redefiniu o estilo dos filmes de vampiros. Ao contrário dos seus antecessores, já não existem caçadores medrosos que fazem da profissão algo inevitável. Agora, são profissionais do ramo que fazem daquilo uma diversão. Depois, foi ainda o primeiro filme a apresentar vampiros vestidos com longas gabardines negras, que agora parece ter sido tomado como entendimento geral, em filmes como Underworld – O Submundo ou Blade.

A primeira meia-hora de Vampiros de John Carpenter é então de tirar o fôlego – straight ahead e sem choradinhos que impeçam a matança do porco. Depois, começam a inserir-se uns elementos novos – uma busca por um artefacto religioso, uma conspiração religiosa à escala mundial e, lá está, uma crítica indirecta à igreja católica. Vampiros de John Carpenter perde então alguma força, principalmente porque depois começa a fazer uso de demasiados clichés para o meu gosto. Faz ali falta um pouco mais da irreverência de John Carpenter.

Esqueça a maioria das coisas que já viu e ouviu noutros lados: Vampiros não é o pior filme de John Carpenter, muito longe disso. E quem o diz que é, por favor apresentem-me cinco action flicks dos últimos dez anos mais divertidos que este. É certo que lhe faltam umas one liners memoráveis e uma personagem feminina mais vistosa (e que mostrasse mais pele), mas não é por isto que vou deixar de recomendar o filme com um saboroso McBacon.Título: Vampires
Realizador: John Carpenter
Ano: 1998

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