| CRÍTICAS | Pompeia

A primeira coisa que me surpreendeu quando visitei Pompeia foi a distância a que está o Vesúvio da antiga cidade romana. Tendo em conta o nível de destruição da localidade e o facto de que a maioria das pessoas não teve tempo para fugir das cinzas, imaginava que o vulcão estaria bem mais perto do que na realidade está. No entanto, não foi isso que mais me abismou; foi o facto de, quando lá estive, estarem a alcatroar(!) umas ruas por causa de uma visita do então primeiro-ministro, o todo-poderoso Silvio Berlusconi, não fosse ele tropeçar e magoar-se(!!).

Pompeia foi então destruída pelas cinzas no ano de 79 d.C. e ficou sepultada sobre as cinzas até ao século XVIII, quando escavações começaram a destapar a cidade e inauguraram a arqueologia moderna. Contudo, esse foi apenas o segundo pior desastre que afectou a antiga cidade romana ao largo de Nápoles; o mais grave de todos foi o filme de 2014, assinado por Paul W. S. Anderson.

Aqui há uns Paul W. S. Anderson parecia caminhar triunfantemente para se torna no incontestado pior realizador de sempre, derrubando por KO o terrível Uwe Boll. No entanto, o marido de Milla Jovovich parece ter ficado entretanto preso às sequelas do Resident Evil e só de vez em quando é que aparece para nos dar um ar da sua graça. Foi o que aconteceu em 2014, com este Gladiador dos pobres, Pompeia.

Pompeia começa então com os celtas, algures na Bretanha, a serem dizimados por uma legião romana liderada por um implacável Kiefer Sutherland. O único sobrevivente é uma criança, que há de crescer para se tornar o Kit Harington antes de não-saber-coisa-nenhuma, mas que antes tem um momento à Conan e os Bárbaros em que tem que assistir à degolação da mãe, com Sutherland a fazer de James Earl Jones. Harington torna-se entretanto num gladiador invencível e, por entre trocas e baldrocas, acaba em Pompeia, para participar numa luta de gladiadores com outro campeão das arenas, Adewale Akinnuoye-Agbaje. Tendo em conta que isto é uma versão do Gladiador dos pobres, já sabemos o resto, não é?

A diferença deste rip-off manhoso do filme de Ridley Scott é que, depois disto tudo, o Vesúvio entra em erupção e Pompeia torna-se num filme-catástrofe. Contudo, não sei o que é pior: se a ingenuidade do argumento, com Kit Harington e Kiefer Sutherland a degladiarem-se no meio duma arena entre uma chuva de meteoros incandescentes (e que faz o Roland Emmerich e o Michael Bay rirem de vergonha alheia, o que diz muito disto); se o CGI totalmente farsola, digno de um episódio do Capitão Alvega. Consta que lá pelo meio ainda há um subplot romântico, entre Harington e a filha dum tipo poderoso, a Carrie-Anne Moss a fazer sabe Deus o quê e provavelmente outras coisas que ninguém quer saber porque não há paciência que suporte esta triste Hamburga de Choco.Título: Pompeii
Realizador: Paul W. S. Anderson
Ano: 2014 

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