Deveriam existir mais filmes de seniores. Filmes de seniores como em oposição a filmes de jovens, ou seja, aquelas aventuras juvenis que os anos 80 foram pródigos, como Os Goonies ou Conta Comigo, por exemplo. Tivemos este Cocoon – A Aventura dos Corais Perdidos, a respectiva sequela ou aquela espécie de rip-off que é O Milagre da Rua 8. E depois um hiato gigantesco, até ao mais recente O Exótico Hotel Marigold, cuja sequela só vem provar que este é um género que poderia ter pernas para andar.
Tal como nos filmes de jovens,Cocoon – A Aventura dos Corais Perdidos é um filme de aventuras, cujos protagonistas são um grupo de velhinhos reformados. Vivem num lar para reformados e há um grupo deles que, regularmente, se escapulem para irem dar um mergulho na piscina interior de uma casa abandona ali mesmo ao lado. No entanto, quando uns extraterrestres alugam a casa para guardar na piscina os casulos de uns amigos que pretendem tirar do planeta, os velhotes descobrem que esses têm poderosos efeitos rejuvenescedores.
Portanto, é fácil perceber que Cocoon – A Aventura dos Corais Perdidos é uma reflexão sobre a vida, a morte e, sobretudo, a eternidade. Se vos desses a oportunidade de viverem para sempre aceitariam-na? Ou isso é contra os desígnios da Natureza (ou de Deus, consoante o ponto de vista e nível de crendice)? Ron Howard fa-lo com as mesmas ferramentas dos filmes de jovens: a amizade que une o herói colectivo num objectivo comum, o espírito feelgood, o humor e uma fácil identificação entre espectador e personagens.
Cocoon – A Aventura dos Corais Perdidos foi a vez em que Ron Howard mais se aproximou do rei dos feelgood movies, Robert Zemeckis, mas também de Steven Spielberg. E nem sequer falo da importância que a instituição da família tem no cinema deste. Refiro-me antes aos seus extraterrestres amigáveis e à melhor representação que os anos 80 fizeram de seres de outro mundo desde Encontros Imediatos de Terceiro Grau. E só isso vale por si só o McChicken.
Título: Cocoon
Realizador: Ron Howard
Ano: 1985