| CRÍTICAS | Atomic Blonde – Agente Especial

Em Novembro de 1989 caía finalmente o Muro de Berlim, unindo a Alemanha e, consequentemente, os blocos ocidentais e orientais. Era o princípio do fim da Guerra Fria. Os tempos que antecederam esse 9 de Novembro, que viria a mudar o mundo, foram de grande tensão política, com vários jogos de bastidores entre os Estados Unidos, a Alemanha e a União Soviética. Ao mesmo tempo, a vida em Berlim ocidental não podia ser mais estimulante, com uma boémia nocturna excitante, uma nova corrente musical a ditar regras e a sensação de que tudo era possível.

É esse o contexto de Atomic Blonde – Agente Especial, tanto na forma como no conteúdo. Atomic Blonde – Agente Especial é um filme de espiões, com Charlize Theron no papel de heroína de acção que nos últimos anos tem sido quase em exclusivo de Angelina Jolie, ambientado na Alemanha em vésperas da queda do muro. E isto é embrulhado numa estética new-wave, com muita música influenciada pela cena industrial berlinense (apesar de ser, curiosamente, toda anacrónica, exceptuando os Public Enemy), que faz parecer que o realizador David Leitch andou a ver o Scott Pilgrim Contra o Mundo.

O embrulho é então apelativo e, há que o reconhecer, muito bom. O que seriam óptimas notícias se depois o conteúdo não fosse tão frouxo. A história de espionagem é chapa quatro, procura trocar as voltas ao espectador com o seu jogo de máscaras e de espelhos, mas nunca passa do previsível, e resolve a maioria das situações pelo caminho mais fácil. Especialmente com James McAvoy, o agente britânico infiltrado em Berlim e de comportamento errático, que, em dois segundos, recupera a lista que toda a gente andou à procura durante o filme todo. Ou então, mal consegue dominar a franzina Sofia Boutella, depois de fazer a folha a todos os russos e alemães brutamontes que passam pelo filme, apenas para ter ali mais dez minutos e uma bengala dramática.

Mas Atomic Blonde – Agente Especial não é, nem de perto nem de longe, tempo e dinheiro mal gasto. Primeiro, porque tem Charlize Theron (a frase podia ficar já por aqui que faria sentido na mesma) em modo action hero e esse traje fica-lhe bem; e depois porque tem um long shot de mais de dez minutos, em que Theron despacha meia dúzia de capangas com as próprias mãos por umas escadas abaixo, que é um mimo aos olhos e aos ouvidos. Para meter lado a lado com aquele longo plano-sequência de Os Filhos do Homem e a famosa cena da luta na igreja de Kingsman – Serviços Secretos. São estas duas coisas (e a banda-sonora) que justificam cada dentada no Double Cheeseburger.Título: Atomic Blonde
Realizador: David Leitch
Ano: 2017

2 thoughts on “| CRÍTICAS | Atomic Blonde – Agente Especial

  1. eu tentei ver este filme, eu juro. mas depois de ter dormido no terceiro dia, ela ainda estava algures perto do muro, desisti de vez.

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