| CRÍTICAS | O Apostador

Existem vários tipos de professores. Há aqueles que inspiram os seus alunos a serem perseguirem os seus sonhos, a alcançarem os seus objectivos e a tornarem-se melhores pessoas, como o Robin Williams, em O Clube dos Poetas Mortos. E depois há aqueles como Mark Whalberg, em O Apostador, que diz aos seus alunos de literatura que, se não for para serem geniais, nem vale a pena esforçarem-se.

Além disso, o professor Whalberg ainda faz lembrar o de Ryan Gosling, em Half Nelson – Encurralados. Só que enquanto Gosling era viciado em coca, ele é agarrado ao jogo. Wahlberg tem uma atracção pelo abismo, já que acredita que a vida é para se viver ao máximo ou não se viver de todo. E, por isso, colecciona dívidas atrás de dívidas, de agiotas cada vez mais perigosos. E quando a mãe lhe dá 250 mil dólares(!) para ele pagar o que deve, o que é que faz? Exacto, gasta-o no jogo.

Levemente baseado em O Jogador, de Doistaievski, O Apostador – que não chegou a ter sequer estreia comercial em Portugal – é um filme elegante, que pretende deixar mais nas entrelinhas do que expor dizer abertamente o que tem para dizer. O problema é que Rpert Wyatt nem sempre sabe como o fazer e isso faz com que alterne momentos muito bons com outros completamente irrelevantes.

De um lado, tem uma banda-sonora de um bom gosto incrível ou uma realização estilizada, com um Whalberg a dar tudo por tudo; por outro, desperdiça os secundários de forma altamente descartável (tanto uma fresquinha Brie Larson, como especialmente o John Goodman em modo Kingpin) e farta-se de dar tiros de pólvora seca. Mesmo assim, O Apostador é o filme que Golpada Americana poderia ser, se não tivesse a esquizofrenia toda de David O. Russell por trás. E já comi Double Cheeseburgers bem piores e a pagar.
Título: The Gambler
Realizador: Rupert Wyatt
Ano: 2014

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