| CRÍTICAS | Point Break – Caçadores de Emoções

Eu não quero ser aquele tipo altamente presunçoso que não gosta de filmes que tenham efeitos-especiais ou que mais do que duas pessoas gostem, como certos críticos de alguns jornais da nossa praça (vocês sabem do que estou a falar, como diria o Octávio Machado), mas quando vi o trailer de Point Break – Caçadores de Emoções tive logo a certeza que ia ser mau. Aliás, quando fiz a lista dos piores filmes do ano passado, não tive problemas em coloca-lo no topo com a descrição não vi e detestei. Então porque raio é que o fui ver agora?

No papel, Point Break – Caçadores de Emoções é um remake do filme de culto de Kathryn Bigelow, Ruptura Explosiva. No entanto, na prática, a única coisa que há em comum entre ambos os filmes é o título e o nome dos personagens, porque tudo o resto é diferente. Ruptura Explosiva era um buddy movie que se transformava num bromance, entre um agente do FBI que se infiltrava numa gangue de surfistas que assaltava bancos no inverno para financiar uma vida de boémia no verão. Com o passar do tempo, viemos ainda a perceber que era um filme feito por uma mulher, mas cheio de testosterona, sobre homens a medirem as suas pilinhas (como, aliás, todos os bons filmes de Kathryn Bigelow).

Point Break – Caçadores de Emoções não tem nada a ver com isso. Johnny Utah (Luke Bracey) é um entusiasta de desportos radicais extremos, que depois da morte acidental do melhor amigo decide tornar-se… agente do FBI(!). Utah vai acabar a investigar uma série de assaltos radicais feitos nos quatro cantos do globo, que envolvem saltos de mota de janelas de arranha-céus sabe-Deus-para-aonde-porque-nunca-nos-mostram-o-que-acontece-às-motas (pormenores…), para acabar dentro de uma gangue de desportistas radicais extremos que procuram completar os oito desafios mais radicais de todos(!) numa espécie de busca espiritual transcendental.

No fundo, Point Break – Caçadores de Emoções corporiza tudo aquilo que dá mau nome à actual tendência espiritual que faz com que um monte de pessoas pense que tem o rei na barriga, apenas porque é vegetariano, tem tatuagens ou (finge que) faz meditação. São essas pessoas que acham bué espiritual irem ao brunch ouvir o Steve Aoki (aliás, não é por caso que o DJ (lol) faz um cameo numa festa para hipsters ricaços). O filme é então apenas uma desculpa esfarrapada para viajar por paisagens de cortar a respiração por quatro continentes e montar cenas mais ao menos aleatórias de habilidades radicais que poderiam ser patrocinadas pela Red Bull. Sempre filmadas com Go Pro. Só espanta como não há publicidade colocada a estas marcas. Mas se houvesse então é que não havia diferença nenhuma entre o filme e um vídeo da Fuel TV.

Não existe nenhuma química entre Utah e o líder espiritual da gangue, Bodhi (Edgar Ramírez) – que no filme original tinha uma aura especial, cortesia de Patrick Swayze -, o argumento é colado com fita-cola, ninguém acredita que Utah é agente do FBI e há uma aparente ligação romântica com Teresa Palmer, mas que só percebemos que existe porque há uma cena de sexo (duh, claro que há). Point Break – Caçadores de Emoções é tão mau que até parece que o realizador Ericson Core fez de propósito. E a Hamburga de Choco é só porque tenho vergonha de lhe dar a nota mínima.

Título: Point Break
Realizador: Ericson Core
Ano: 2015

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