| CRÍTICAS | Willow na Terra da Magia

Até os efeitos-especiais e o CGI terem trazido alguma dignidade ao género, o sword and fantasy era um género menor, destinado quase unicamente aos nerds e aos geeks. Que o diga George Lucas que, após o sucesso de Star Wars, tentou capitalizar o crédito acumulado num novo franchise com anões, dragões e outras criaturas fantásticas. Willow na Terra da Magia foi um fiasco de bilheteira e Lucas teve que se mudar para a literatura, para terminar a trilogia que tinha inicialmente magicado.

Mas também é verdade que Lucas nem se esforçou em demasia para criar este mundo fantástico. WIllow na Terra da Magia é uma espécie de pastiche feito sem imaginação de O Senhor dos Anéis com a Bíblia, nomeadamente com a origem de Moisés. Ora vejamos: depois da profecia ter anunciado o nascimento de uma menina que iria destronar o reinado da tirana rainha Bavmorda (Jean Marsh), esta manda matar todas as crianças que nasceram nesse dia. Uma ama destemida envia então a bebé predestinada rio abaixo, num berço improvisado, que acaba por ser recolhida por um anão da raça dos anões, Willow (Warwick Davis que, durante muito tempo, foi o melhor anão a fazer de anão em Hollywood). E, com a ajuda de um humano (um Val Kilmer novinho), dois diabretes e uma gambá(!), Willow vai ter que levar o bebé à bruxa boa e salvar o dia.

Sem a masturbação digital dos tempos actuais, Ron Howard consegue fazer omeletes com os ovos que tem: uns cães com fatos de borracha para passarem pelos sabujos ferozes que andam à procura da bebé (uma espécie de nazgul dos pobres), uns animais com voz humana que passam por pessoas encantadas, meia-dúzia de efeitos-especiais básicos (como os diabretes) e anões, muitos anões. Se há coisa que não se pode acusar Willow na Terra da Magia, nem sequer Ron Howard, é de falta de empenho, paixão e, até, sinceridade.

No entanto, Willow na Terra da Magia é apenas uma mera aventura feita de episódios encadeados uns a seguir aos outros, que é a demanda de Willow e seus parceiros pela terra da Magia (estão a ver a ideia do título em português, não é?). Em 1988, quando o vimos pela primeira vez, havia muita coisa que era novidade. Mas quando começamos a ler e a ver mais coisas, percebemos que tudo aquilo já foi feito. E em melhor (e nem sequer falo de aventuras de anões a levarem tesouros…). Dentro do género, os seus contemporâneos Labirinto e A Lenda da Floresta são bem mais saborosos que este Double Cheeseburger.Título: Willow
Realizador: Ron Howard
Ano: 1988

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