| CRÍTICAS | Conta Comigo

Há um episódio do Family Guy, que por acaso até é o melhor de toda a sétima temporada, que é inteirinho dedicado ao maior autor dos últimos mil anos: Stephen King. Utilizando as personagens da série, Peter Griffin narra três das poucas histórias do mestre do terror que foram publicadas ao cinema com sucesso. E a primeira é logo Conta Comigo. Será coincidência? Como fica melhor no texto, queremos acreditar que não existem coincidências.

Conta Comigo é um filme de jovens, como os que andam na moda nos últimos dois anos, especialmente desde que Stranger Things trouxe o subgénero para a ribalta. No entanto, este não é um tema estranho a Stephen King. Por exemplo, basta ver It, filme que também foi refeito o ano transacto, à boleia dessa febre dos teen movies de aventuras. No entanto, enquanto que a maioria desses filmes se passa nos anos 80 (muito por culpa de Steven Spielberg, que cunhou o género), Conta Comigo é ambientado nos anos 50, uma década que também é querida a King (lembram-se de Christine – O Carro Assassino, por exemplo?).

Gordie (Wil Wheaton), Chris (River Phoenix), Teddy (Corey Feldman) e Vern (Jerry O’Connell) são então quatro amigos que decidem embarcar numa aventura para irem ver o cadáver de um miúdo que havia desaparecido há umas semanas. E que, na curta viagem de apenas dia e meio, vão acabar por se encontrar a si próprios. É o típico coming of age, ambientado igualmente numa altura muito específica: as férias de verão, altura em que o tempo se parecia distender e onde tudo parece ser possível e que, aqui, marca também um período de transição, já que aqueles miúdos vão mudar de escola depois de terminado o ciclo.

Rob Reiner, talvez porque antes de ser realizador era actor, tem uma sensibilidade acima da média para lidar com os seus próprios protagonistas e, em Conta Comigo, não teve problema nenhum em entregar o filme aos seus miúdos. Além disso, desde Os Marginais que não houve, provavelmente, um grupo de jovens actores tão carismático quanto este. E que, além dos quatro principais, se junta ainda Kiefer Sutherland e até, de forma mais breve, John Cusack.

Apesar do herói colectivo, todos eles têm uma história muito própria e Rob Reiner dá tempo de antena suficiente a todos. Especialmente a River Phoenix, o rebele do grupo, que independentemente do que vier a fazer não conseguirá nunca escapar à (má) fama da família; e Will Wheaton, um nerd ignorado pela mãe e acusado pelo pai depois da morte prematura do irmão, que era o menino-bonito da vila. Conta Comigo é assim uma história sobre o crescimento, mas também sobre a amizade, a fraternidade e de como as coisas, na adolescência, são sempre mais intensas (tanto para o bom como para o mau).

Consta que Conta Comigo é a adaptação cinematográfica favorita de Stephen King feita de um dos seus livros. É normal. Não são muitos os filmes feitos a partir de obras suas que saibam a Le Big Macs como este.

Título: Stand By Me
Realizador: Rob Reiner
Ano: 1986

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