| CRÍTICAS | Hunt for the Wilderpeople

Antes de ser um dos meninos queridos de Hollywood e um dos realizadores do momento da indústria, Taika Waititi construiu uma pequena filmografia respeitável e premiada na sua Nova Zelândia natal, com tanto de profundo quanto de bem-disposto. Hunt for the Wilderpeople, que causou sensação em Sundance, meca do cinema independente, foi o último desses três filmes, um ano antes de arrumar a trouxa e zarpar rumo aos Estados Unidos, onde se estreou a fazer Thor: Ragnarok.

Hunt for the Wilderpeople é a história de Ricky Blake (genial Julian Dennison, com tanto de adorável quanto de puto insuportável), um adolescente problemático que, depois de andar a saltar de família de adopção em família de adopção, tem a sua última chance junto de um estranho casal que vive no meio do mato: Bella (Rima Te Wiata) e Hector (Sam Neill). O que a primeira tem de amor para dar, o segundo tem de mau feitio. Por isso, quando várias e determinadas circunstâncias colocam Julian Dennison e Sam Neill a viverem sozinhos e a fugirem da polícia, já sabemos que ambos estão condenados a tornarem-se amigos e confidentes.

O filme pode parecer em tudo semelhante a Up – Altamente (ora vejamos: um puto gordo e um velho rabugento que não se gramam partem em aventura…), mas há pouca coisa em comum entre Hunt for the Wilderpeople e esse título da Pixar. Até porque o estilo de Taika Waititi é mais uma espécie de cruzamento entre o formalismo kitsch e vintage de Wes Anderson, com o estilo seco e absurdo de Jared Hess. Mais o humor muito próprio de Waititi, que podemos já apelidar de uma cena de uma land down under, depois de vermos O Que Fazemos nas Sombras e, especialmente, Flight of the Conchords.

Taika Waititi mistura géneros e estilos na sua liquidificadora cinematográfica com o mesmo à-vontade de Quentin Tarantino. E sendo Hunt for the Wilderpeople um survivor movie e um filme de perseguição, é normal que encontremos referências tanto a Thelma e Louise quanto a Noivos Sangrentos. Obviamente que tudo isto é filtrado pelos óculos de Waititi, que diz a brincar muito mais coisas sérias do que a maioria dos dramas sisudos que estreiam por aí semanalmente.

No final, o arco narrativo fecha com um nó e um lacinho perfeito no topo, fazendo de Hunt for the Wilderpeople um daqueles filmes para toda a família, com tanto de feelgood quanto de mensagem moral. E é, ao mesmo tempo, um coming of age como um filme de empoderamento, que ainda tem o condão de o fazer recorrendo a um conceito de família bem ao lado da noção tradicional do termo. Ou seja, tudo coisas para se gostar ainda mais deste McRoyal Deluxe, que vem de uma lad down under, where women glow and men plunder.

Título: Hunt for the Wilderpeople
Realizador: Taika Waititi
Ano: 2016

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