| CRÍTICAS | Passageiros

Já sabemos que o espaço é um local silencioso, perigoso e solitário. O cinema de ficção-científica está farto de nos dizer. No entanto, nunca a premissa tinha sido levada tão a sério quanto em Passageiros, o filme de Morten Tyldum que, tal como Gravidade, utiliza a imensidão do vácuo para uma parábola bíblica.

Comecemos então pelo contexto. Estamos num futuro mais ou menos distante e a bordo de uma nova com cinco mil pessoas, que ruma em suspensão criogéntica para povoar uma colónia terráquea distante longe da Terra. Só que uma falha do sistema faz com que a cápsula de Chris Pratt se desligue e ele acorde 90 anos antes do previsto. O que faz com que ele se torne num náufrago naquela nave deserta, a definhar lentamente e a lutar contra a passagem do tempo. Conseguirá resistir à tentação de acordar a boazona da Jennifer Lawrence para lhe fazer companhia?

Passageiros é uma versão de O Náufrago, mas no espaço. Chris Pratt está sozinho e, não só tem que sobreviver, como tem que combater a solidão, enquanto se senta no bar da nave e, ver a vida a passar, faz-lhe tédio. Aliás, Pratt até tem o seu próprio Wilson. É um pouco mais realista do que uma bola de vólei, porque tem o aspecto do Martin Sheen, mas é igualmente artificial. É que Arthur é o andróide-taberneiro que cuida do bar da nave e que servirá de confidente a Chris Pratt.

Eis então uma reflexão sobre a solidão e sobre a vida a dois. Apesar da falta de química entre Pratt e Jennifer Lawrence (se bem que era capaz de ver um filme só com ela, que durasse 4 horas e não tivesse sequer argumento…), o filme tem uma excelente meia-hora inicial, em que explora todas as possibilidades daquela vida em isolamento no espaço. Só que depois o filme entra num beco sem saída e, em desespero, o que faz Morten Tydlum? Atira lá para dentro o Lawrence Fishburne.

A personagem de Fishburne é metida a ferros no filme e serve para desbloquear a última fase de Passageiros. Mas depois disto quem é que ainda tem paciência para explosões, salvamentos no último minuto e CGI gratuito? Pois, é assim mesmo o Cheeseburger de Passageiros.Tìtulo: Passengers
Realizador: Morten Tyldum
Ano: 2016

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