| CRÍTICAS | O Clube de Dallas

Matthew McConaughey parecia ser um tipo fadado para filmes esquecíveis, entre chick flicks e aventuras de domingo à tarde na TVI, até cair por completo na irrelevância (lembram-se do Brandon Fraser? Exacto, quase ninguém se lembra). Até que fez The Paperboy – Um Rapaz do Sul, especializou-se em personagens sulistas e tem vindo a partir a loiça toda. 2013 foi o seu ano: além da breve, mas inesquecível participação em O Lobo de Wall Street, McConaughey deu que falar com este O Clube de Dallas, com o qual sacou o Oscar de melhor actor.

Seguindo uma linhagem de actores que inclui Christian Bale e Michael Fassbender, McConaughey transformou-se completamente para o filme, dando literalmente o corpo ao manifesto. Para interpretar a história real do seropositivo Ron Woodroof, teve que perder vários quilos, ficando pele e osso. Jared Leto fez o mesmo – e está igualmente bem -, mas tirando a nomeação ao Oscar de actor secundário, toda a gente parece não lhe prestar muita atenção. A culpa é de McConaughey, que rouba todas as atenções.

O Clubede Dallas é um autêntico tour de force de McConaughey, que leva o piano às costas, lança os foguetes e apanha as canas. O filme narra a história verídica do tal Ron Woodroof, um tipo machão (come bué de gajas, curte rodeos e outras cenas de homem, bebe até cair, cospe para o chão e bateria na mulher quando o Benfica perdesse se fosse casado) que descobre ter sida, numa altura que a sida era sinónimo de homossexualidade. E o filme inicia-se precisamente com a notícia da morte de Rock Hudson, a primeira celebridade a sucumbir ao HIV.

Apesar da homofobia, Woodroof estabeleceu uma parceria (e posterior amizade) com o transexual Rayon (Jared Leto) e criou uma espécie de clínica alternativa, com base em medicamentos experimentais, lutando contra os interesses económicos das farmacêuticas. O Clube de Dallas podia cair facilmente no melodrama do caso da vida, mas ao menso tem o bom-senso de se manter longe disso. Infelizmente, esta é a única parte boa do filme, porque tudo o resto é de uma simplicidade atroz, tipo reportagem televisiva, onde não existem personagens ou situações que estimulem o drama.

Assim, O Clube de Dallas vale unicamente pelo one man show de Matthew McConaughey e alguns pozinhos de Jared Leto. Tudo o resto é um bocejo gigante, que quase não nos deixa acabar o Cheeseburger.

Título: Dallas Buyers Club
Realizador: Jean-Marc Vallée
Ano: 2013

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *