| CRÍTICAS | Ou Nadas ou Afundas

O cinema costuma gostar dos underdogs do desporto, não necessariamente por serem os melhores, mas por serem… exóticos. É certo que todos eles se superam, mas nem sempre como estavamos à espera. Foi assim com a Jamaica, em Jamaica Abaixo de Zero, ou com Eddie Edwards, em Eddie, A Águia. E foi agora com a equipa francesa de natação sincronizada masculina, a SKSH, neste levemente inspirado Ou Nadas ou Afundas.

Ou Nadas ou Afundas não é um filme de desporto como esses dois. Aliás, Ou Nadas ou Afundas está sempre mais perto dos feelgood movies dos anos 80, com John Hughes à cabeça (a espaços também lembra Wes Anderson, com um certo formalismo kitsch). Por vezes, deve-o à banda-sonora, que tanto vai aos Television como aos Tears for Fears, mas deve-o sobretudo à forma como fala de coisas sérias a brincar, sabendo ser simples sem ser simplista. O que é bem mais difícil do que parece.

Quanto ao filme em si, conta a história de um grupo de loosers de meia-idade (são os adolescentes de John Hughes que cresceram…), a braços com diferentes crises de idade que, por qualquer razão, encontram na natação sincronizada um escape para as suas vidas miseráveis. Talvez porque quando estão juntos se sintam verdadeiramente em família, sem julgamentos, ideias pré-concebidas ou expectativas irrealistas.

Ou Nadas ou Afundas tem algumas falhas visíveis – certas personagens que são apenas caricaturas, uma segunda parte mais fraca e um acto final demasiado celebratório -, mas as suas virtudes compensam isso claramente. E é o que faz do filme uma daquelas comédias que resiste ao seu título de filme de fim-de-semana à tarde, que não se perde nos gags ou em idiossincrasias culturais e tem mesmo algo para dizer. E é assim que se cozinha e serve um McBacon.

Título: Le Grand Bain
Realizador: Gilles Lellouche
Ano: 2018

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