| CRÍTICAS | Jumanji

Frank Ebert não gostava de Jumanji, porque dizia que era demasiado negro para ser um filme ara toda a família. , no entanto, o filme de Joe Johnston será, provavelmente, o último grande teen adventure movie que estreou, estando para os anos 90 assim como Os Goonies está para os anos 80.

Não serão todos os grandes filmes de adolescentes negros e cruéis? A Lenda da Floresta e Labirinto são assustadores, História Interminável faz-nos chorar ainda hoje na cena em que o cavalo morre na areia movediça e, bem… não é A Sombra do Caçador uma fábula para os mais novos também?

Comecemos portanto por aí: Jumanji é um grande filme de aventuras para os mais novos, jovens adultos e os mais crescidos. Talvez não seja o tipo de filme familiar, com as patetadas do Robin Williams, que esperaríamos (ou que, pelo menos, Roger Ebert estivesse a contar), mas é um filme que não trata o seu público-alvo como se tivessem síndrome de Down, evitando faze-los pensar ou receando traumatiza-los para toda a vida. Normalmente, tendemos a esquecer que os jovens são mais espertos do que pensamos à partida, lição que Walt Disney (e a Pixar e Miyazaki e…) nunca menosprezou.

Alan (Adam Hann-Byrd) é então o filho de um próspero fabricante de calçado, que vê na autoridade a melhor ferramenta para a educação do filho. Ah, és vítima de bullying na escola? Não sejas mariquinhas e age como um homem.
É precisamente depois de saber que vi para um colégio interno e discutir pela milésima vez com o pai, que Alan encontra um misterioso jogo de tabuleiro nas escavações de uma obra. E quando começa a jogar com a sua vizinha, acaba sugado para dentro do próprio jogo(!).

20 anos à frente e conhecemos uma novinha Kirsten Dunst e o seu mano mais novo, Bradley Pierce, os novos residentes da casa onde o pequeno Alan viveu e desapareceu para sempre. E, claro, que ambos vão reencontrar o tabuleiro, retomar o jogo interrompido e libertar o miúdo. A diferença é que, este tempo todo depois, Alan é agora o Robin Williams. Os três vão então buscar a sua amiga de infância, que agora é a crescida Bonnie Hunt, e em conjunto vão ter de terminar o jogo de forma a desaparecem todas as ameaças libertadas do universo Jumanji.

Jumanji é então um mundo de aventuras selvagens , que remete para as grandes bestas da selva, para o Tarzan e outras aventuras amazónicas das matinés dos anos 50. São elas: melgas venenosas, aranhas gigantes trepadeiras com vontade própria, rinocerontes, hipopótamos e elefantes e até um caçador da época vitoriana com um mosquete.

É no meio deste corredio de aventuras e desventuras – que inclui Bradley Cooper transformar-se no… Lobijovem -, que os quatro novos amigos vão ultrapassar os seus medos, fazer as pazes uns com os outros e com os respetivos pais, perceber que as suas famílias só querem o melhor para eles e aceitar o desaparecimento daqueles que mais amam. É um coming of age de dois miúdos e dois adultos que nunca cresceram, uma vez que o jogo os deixou presos durante 20 anos, tanto literal como figurativamente.

Robin Williams contém-se no seu espalhafato habitual e isso é logo meio caminho andado para se gostar de Jumanji. Mas o filme tem muito mais virtudes para além dessa. É um McRoyal Deluxe raro, pois é das poucas vezes em que não concordamos com o grande Roger Ebert.

Título: Jumanji
Realizador: Joe Johnston
Ano: 1995

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