| CRÍTICAS | Homem-Aranha: No Universo Aranha

Venom foi tão mau que, o melhor, era a cena pós-crédito que mostrava uma cena de outro filme. Esse outro filme era Homem-Aranha: No Universo Aranha, a animação da Sony sobre o universo alternativo do Aracnídeo em versão latina Miles Morales. Depois de ter emprestado o Homem-Aranha à Marvel, a Sony decidiu continuar a explorar o seu catálogo de direitos e, talvez por estar pela primeira vez livre da pressão e das expectativas, pode ter encontrado aqui um filão rentável e interessante para explorar.

O primeiro grande trunfo de Homem-Aranha: No Universo Aranha é precisamente o seu próprio tipo de animação. O filme, que ganhou inclusive o Oscar para melhor desenho-animado, mistura a animação digital da Sony com o estilo tradicional dos livros de banda-desenhada da autora Sara Pichelli, sendo muitas vezes uma trip visual que faz lembrar coisas mais esquisitas vindas da terra do sol nascente, como o Paprika.

Mas qual a diferença deste Homem-Aranha para o que já conhecíamos? É certo que, aqui, o Aracnídeo é um miúdo latino, mas isso explica-se facilmente. É que Miles Morales pertence a uma outra realidade alternativa, onde também foi picado por uma aranha radioactiva, Peter Parker foi morto pelo Rei do Crime e ele acabou por tomar o seu lugar. Só que, por capricho do destino – e por um colisor de partículas -, a dimensão de Morales vai-se cruzar com várias outras, saltando para a trama vários outros Homens-Aranhas: o que conhecemos habitualmente, mas também o Aranha-versão-noir, o Aranha-versão-anime, o Aranha-versão-feminina e até… o Spider-Pig(!). É, portanto, uma espécie de Interstellar, versão Homem-Aranha.

Homem-Aranha: No Universo Aranha vai então buscar o mesmo estilo descontraído e o humor mais… alternativo, de Deadpool – incluindo um narrador que quebra a quarta barreira e uma cena pós-crédito meta-referencial aquele meme do Aranha dos anos 60 – e cruza com esse uau visual, fazendo do filme mais do que um simples bombom aos olhos. Homem-Aranha: No Universo Aranha tem piada, mas também tem uma história lá dentro, que se preocupa em contar em vez de se limitar a ilustrar. Agora é tempo de virem as sequelas e os spin-offs para vermos como se vai aguentar este aranhaverso. Para já, começa com um Le Big Mac, que não é nada mau. Antes pelo contrário, até é mesmo de aplaudir.

Título: Spider-Man: Into the Spider-Verse
Realizador: Bob Persichetti, Peter Ramsey Rodney & Rothman
Ano: 2018

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