| CRÍTICAS | O Mar de Árvores

Aokigahara é uma floresta japonesa situada junto ao monte Fuji e de formação vulcânica, o que faz com que o solo poroso absorva o som. Essa característica, aliada à forte densidade de árvores, faz com que seja conhecida como Mar de Árvores. Tudo isto torna-a num do locais do mundo mais procurado por quem quer colocar termo à vida, apaixonando assim por igual tanto suicidas, quanto realizadores de cinema, especialmente de filmes de terror.

Este mar de árvores já havia influenciado, inclusive, o nosso José Pedro Lopes com A Floresta das Almas Perdidas, raro exemplo do cinema de género em português. E agora foi a vez de convencer Gus Van Sant, com O Mar de Árvores, que apesar de ser de 2015, só agora chega às salas nacionais. A explicação para este atraso e quatro-4-quatro anos explica-se pela má recepção que o filme teve um pouco por todo o lado, tendo sido inclusive vaiado em Cannes. Chamaram-lhe tudo excepto pai e até o acusaram de apropriação cultural.

Mas o que é mais curioso é que O Mar de Árvores não é assim tão mau. Pelo menos comparado com a maioria do lixo que estreia semanalmente. É certo que Gus Van Sant já teve melhores dias, mas já dizia a minha avó que mais vale cair em graça do que ser engraçado. E Van Sant não anda nada nas boas graças da crítica e do público.

Matthew McConaughey inicia então o filme apanhar um avião para o Japão e a ir a Aokigahara. Não precisas explicações para percebermos o que o leva lá. No entanto, no momento da verdade, surge em cena um homem em sofrimento, cambaleante e a sangrar. McConaughey suspende os seus planos e vai auxilia-lo. É Ken Watanabe e, em menos de nada, os dois estão perdidos, a tentar sobreviver.

Quem diria que O Mar de Árvores se iria tornar num survivor movie?E num bem duro. Gus Van Sant recupera o seu Gerry, na forma como filma aquelas duas almas perdidas na natureza, mas desta vez tem um argumento a sério que não deixa o filme cair na inconsequência. O problema é que a história sente necessidade de recorrer a constantes flashbacks para contextualizar o porquê de McConaughey se querer suicidar.

Em Inquietos, Gus Van Sant reflectia já sobre a vida e a morte num remake mal-amanhado de Ensina-me a Viver. Aqui, debruça-se sobre a fatalidade da vida a partir do melodrama mais lacrimejante, na corda bamba entre o tearjerker e o poético. Escusava era de se atirar de pés juntos à lamechiche do final de filme de domingo à tarde. Portanto, O Mar de Árvores é um bom filme? Nem por isso. Mas até o próprio Van Sant já fez bem pior do que este Double Cheeseburger, por isso não se compreende porquê tanto ódio.

Título: The Sea of Trees
Realizador: Gus Van Sant
Ano: 2015

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