| CRÍTICAS | Capricórnio Um

Foi com Capricórnio Um que muitos dos que acreditam nas teorias da conspiração sobre a ida do Homem à lua viram legitimada a sua luta. Afinal de contas, se era possível o governo norte-americano forjar uma operação espacial a Marte, também o era nas anteriores viagens à lua. Até porque há aquelas histórias suspeitas das sombras e dos pontos de luz e tal. No entanto, muitos deles esquecem-se do óbvio: Capricórnio Um é apenas um filme! E os Caçadores de Mitos já destruíram as restantes teorias.

Capricórnio Um é então a história de como a NASA fez em estúdio a primeira ida do Homem ao planeta vermelho. Receando que o presidente cancelasse o programa espacial se a missão falhasse – o que não era descabido, tendo em conta que já ninguém queria saber da corrida ao espaço em 1977 -, James Kelloway (Hal Holbrook) mete os três astronautas num barracão no meio do deserto transformado em estúdio de televisão e obriga-os a cooperar, sob ameaça de matar as suas famílias. Pelo meio, os astronautas James Brolin, Sam Waterston e OJ Simpson conseguem fugir e o pouco ortodoxo jornalista, Robert Caulfield (Elliott Gould), começa a investigar algo que cheira a esturro.

A década de 70 foi fértil neste tipo de thriller políticos, especialmente em redor de teorias da conspiração (alguém mencionou Os Homens do Presidente?). Afinal de contas, a Guerra Fria espreitava a cada porta e janela e toda a gente era um potencial inimigo. No entanto, Capricórnio Um não é o típico filme de género, já que a meio dá uma cambalhota. Assim que os astronautas escapam pelo deserto a fora, Capricórnio Um arma-se em survivor movie, que tanto é o Intriga Internacional numa mão, como parece a chegada ao planeta dos macacos em O Homem Que Veio do Espaço.

Pelo meio, uma sequência automóvel com Elliott Gould sem travões que se tornou no molde de muitas outras semelhantes e uma perseguição de avião (e helicópteros) bem acima da média. Tudo isto é embrulhado num saudável ambiente de série-b, ou não fosse Peter Hyams o realizador de outros clássicos xunga como Patrulha do Tempo ou Os Dias do Fim, que ajuda a disfarçar os plot holes com um lado lúdico que casa muito bem com o resto. No final, Capricórnio Um é um filme subvalorizado e quase só lembrado por essa história da viagem ao espaço, mas que tem muito mais para dar. Incluindo um Le Big Mac.

Título: Capricorn One
Realizador: Peter Hyams
Ano: 1977

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