| CRÍTICAS | Personal Shopper

A sinopse de Personal Shopper é, provavelmente, a pior de toda a história do cinema. É algo como uma personal shopper de uma actriz famosa é também médium e começa a receber sms estranhas de um número desconhecido. E o mais curioso é que não há aqui nada de descontextualizado ou perdido na tradução. Esta sinopse não podia ser mais literal.

A personal shopper em causa é então Kristen Stewart e a actriz famosa é Sigrid Bouaziz. O trabalho da primeira consiste em andar de loja em loja, a recolher roupas e jóias caras para a segunda usar em festas e presenças. É um trabalho de treta, mas que paga bem. Paralelamente a isto, Kristen Stewart tem também capacidade mediunísticas e, nos tempos vagos, tenta contactar desesperadamente com o irmão gémeo, que faleceu em Paris para onde agora se mudou. E sim, Kristen Stewart também começa a receber sms misteriosos que podem ou não estar relacionadas com isto.

Parecem temas desconexos entre si e, adivinhem!, são mesmo. Podemos dizer que Personal Shopper é um filme de fantasmas e que Kristen Stewart é uma jovem num mundo de ausentes – a patroa, mais fantasma que o próprio irmão falecido, mas que depois lá surge, numa cena completamente anti-tesão, assim como o desconhecido das mensagens -, mas isso seríamos nós a exagerar na boa vontade e a forçar a sugestão. Até porque, no caso dos sms, é mais do que óbvio quem é o remetente desde o primeiro momento.

Depois de As Nuvens de Sils Maria, Oscar Assayas renova a sua colaboração com Kristen Stewart e o filme parece precisamente isso: um pretexto qualquer para o francês voltar a filmar a estrela norte-americana, prolongando mais um pouco essa inesperada dupla que se formou no filme anterior. Até porque Kristen Stewart é praticamente omnipresente e está em quase todas as cenas , fazendo, como alguém referiu, que o filme pareça mais um screen test.

Mas uma coisa é certa e há que o reconhecer. Apesar da história… especial(!), Assayas filma-a sempre com grande dignidade, conseguindo fazer com que o filme nunca pareça tão ridículo quanto a sua sinopse. E é isso que vale o Happy Meal inteirinho.

Título: Personal Shopper
Realizador: Olivier Assayas
Ano: 2016

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