O novo O Dia da Independência – Nova Ameaça é um exemplo perfeito do novo riquismo do blockbuster hollywoodesco da actualidade. Gente como Roland Emmerich, mas também Michael Bay, formados no cinema catástrofe dos anos 90 – aquele que encontrou na destruição aperfeiçoada pelo advento do CGI a sua razão de existir -, crescer fiel à máxima de que este cinema, para ser melhor, tem que ser maior, mais barulhento e mais brilhante.
Assim, os disaster movies foram crescendo (inflando?) em proporção ao progresso dos efeitos especiais digitais, incorporando cada vez mais destruição em detrimento de tudo o que era acessório. Incluindo as próprias noções mais básicas do aparelho cinematográfico, como o argumento ou as personagens. É o cinema a atingir o zénite do pós-modernismo, completamente despido de conteúdo, limitando-se apenas ao gesto mais básico de ser, de ver e de ouvir.
20 anos após Will Smith ter salvado o mundo de uma das maiores invasões alienígenas do cinema, eis a sequela de Dia da Independência. E tal como a máxima deste tal novo riquismo do blockbuster hollywoodesco, regressa maior, mais barulhento e mais brilhante. Desta vez, a nave que vem para destruir o planeta é do tamanho de um continente(!). Contudo, tudo o resto é extremamente maçador.
Não é só Will Smith que tem falta de comparência neste O Dia da Independência – Nova Ameaça. Falta também à chamada uma história e qualquer noção. Roland Emmerich parece que nem sequer tenta ou sequer se importa em ter qualquer coisa parecida a uma história para contar, pois o que interessa é destruir monumentos, fogo-de-artifício e muita masturbação digital. Pelo meio, lá se lembra que está a pagar ordenado a gente como Jeff Goldblum e Liam Hemsworth e então toca a enfiar umas referências ao filme anterior, como o filho de Will Smith (Jessie T. Usher) a pilotar naves extraterrestre. Mas Emmerich fa-lo com um martelo e um pé de cabra, única forma de encaixar estas cenas naquele pastelão inflado de explosões e fogachada.
Não há nada de bom em O Dia da Independência – Nova Ameaça. Nem sequer serve de mau exemplo, porque vê-lo é arruinar as boas memórias nostálgicas do original Dia da Independência. Não lhe toquem nem com um pau de sete metros. Façam um Pãozinho com Manteiga e comam-no no escuro, em posição fetal. E chorem muito.
Título: Independence Day – Resurgence
Realizador: Roland Emmerich
Ano: 2016