| CRÍTICAS | O Rei dos Kickboxers

Rendição Incondicional tem o seu lugar na história do cinema e nem sequer é por ter apresentado ao mundo o Muscles from Brussels, Jean-Claude Van Damme. É que esse foi a primeira produção de Hong Kong em solo americano, com estrelas norte-americanas, um marco importante para o cinema de kung fu. E depois de duas sequelas que ninguém se lembra que existem, a Seasonal Film regressou aos Estados Unidos para o seu outro filme em solo americano que vale a pena ver: O Rei dos Kickboxers.

Se Rendição Incondicional se “inspirava” levemente em Momento da Verdade, este O Rei dos Kickboxers é um rip-off desavergonhado de Golpe de Vingança, seja no tema, no cenário e na atmosfera. A abertura do filme não podia ser mais a despachar: Sean (Michael Depasquale Jr.) é lutador de kickboxer e, depois de se sagrar campeão na Tailândia, é morto pelo cruel Khan (Billy Blanks), porque um americano não pode ser campeão na terra do boxe tailandês, não é? O irmão, Jake (Loren Avedon), assiste a tudo e ainda fica com uma cicatriz para memória futura.

Avança-se uma década e Jake agora é polícia nos Estados Unidos, daqueles insolentes e pouco ortodoxos, que seguem as suas próprias regras de forma irresponsável. Os chefes odeiam-nos por isso, mas têm que dar a mão à palmatória porque os resultados apresentados são acima da média. Assim, depois de um show-off com uns bandidecos, Jake é enviado para a Tailândia para desmantelar uma rede de filmes snuff de kung fu (óptima ideia para um filme, há que sublinhar!). E quem é a estrela principal dessas películas? Exacto, Khan! Por isso, O Rei dos Kickboxers vai ser um revenge movie.

Na Tailândia, Jake (que fala sempre com muita I N T E N S I D A D E) vai ser treinado por um mestre que quase derrotou Khan uma vez. Prang (Keith Cooke) vê naquele jovem americano a hipótese de se vingar também da sua derrota. Mas Prang é da mesma idade que Jake, por isso não se percebe porque é que ele não vai lá ele mesmo lutar com o mauzão. Enfim… Entretanto surge em cena também uma loiraça (Sherrie Rose), completamente metida a martelo, que vai-se tornar no interesse romântico do filme e ter uma cena rápida em que mostra mais pele do que necessário.

Há então o treino, igualmente pouco ortodoxo, mas sem uma theme song a condizer, infelizmente. Pelo meio um par de sequências de luta, todas muito bem coreografadas, com intensidade acima da média. No final, a batalha final entre Jake e Khan tem elevados valores de produção, numa arena de bambu enorme na selva tailandesa, com fatos e máscaras típicos que dão um toque de estilo ao filme. O Rei dos Kickboxers é super-entretenimento e pancadaria de meia-noite, como já não se faz. Os anos 80 foram do caraças! Hoje em dia é completamente impossível encontrar McChickens deste gabarito nos straight-to-video do Steven Seagal ou do Van Damme, ou mesmo da malta nova como o Scott Adkins.

Título: The King of Kickboxers
Realizador: Lucas Lowe
Ano: 1990

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